
Emir Gurjão
Pós graduado em Engenharia Nuclear; ex-professor da Universidade Federal de Campina Grande; Secretário de Ciências, Tecnologia e inovação de Campina Grande; ex-secretário adjunto da Representação do Governo da Paraíba, em Campina Grande; ex-conselheiro de Educação do Estado da Paraíba.
UNIVERSIDADE ENFERRUJADA
Publicado em 9 de fevereiro de 2025É possível enxergar uma universidade que, apesar de seu histórico relevante e contribuição formativa no passado, parece ter parado no tempo diante dos desafios contemporâneos:
Declínio na Produção de Conhecimento e Inovação:
Hoje, faltam notícias sobre produtos inovadores, iniciativas de sucesso, novos cursos e laboratórios modernos. Isso contrasta fortemente com exemplos de instituições como Unicamp, USP ou com universidades internacionais (Harvard, MIT, etc.), que se mantêm na vanguarda da pesquisa e inovação. É como ter um carro que, embora tenha sido um modelo de excelência, não recebe mais manutenção adequada e, portanto, não acompanha as inovações tecnológicas do mercado.
Formação e Perfil dos Alunos:
Os alunos formados parecem ter uma base técnica sólida – sabem fazer cálculos, programar e modelar –, mas enfrentam dificuldades quanto à inteligência emocional e ao trabalho em equipe. Como uma fábrica que produz peças com precisão, mas não monta um produto final coeso e funcional.
Engajamento dos Professores e Metodologia de Ensino:
Os professores estão pouco engajados e o relacionamento com os alunos se restringe à sala de aula aponta para uma metodologia tradicional, sem estímulo ao debate, à criatividade e à inovação pedagógica. Imagine uma cozinha onde os chefs apenas seguem receitas antigas, sem experimentar novos temperos ou técnicas – o resultado tende a ser previsível e sem o frescor necessário para agradar a um público que busca inovação.
Gestão Administrativa Burocrática:
A atuação da administração, centrada em tarefas burocráticas (como distribuição de rotinas, compras e obras), reforça a ideia de que o foco não está na promoção do ambiente acadêmico e na construção de um ecossistema de inovação. Ao invés de investir em parcerias, na melhoria da infraestrutura de pesquisa ou na valorização do corpo docente, a gestão parece operar como um simples “centralizador” de recursos, sem estimular a criatividade ou a busca pela excelência.
Falta de Visão Transformadora e Liderança:
A universidade não forma líderes – aqueles que, sabem dialogar, entender as dificuldades e liderar com empatia. Esse ponto é crucial, pois a liderança nos dias de hoje exige uma combinação de conhecimento técnico, inteligência emocional e capacidade de inovação, atributos que precisam ser cultivados desde a graduação.
Opinião Construtiva:
Mesmo reconhecendo a importância histórica e o legado da instituição, é urgente que haja uma mudança de paradigma. A universidade precisa se reinventar, adotando uma postura mais proativa na modernização de seus métodos de ensino e na integração com o mercado e a comunidade científica. Assim como uma árvore que já foi frondosa precisa de cuidados (adubação, poda, replantio) para continuar a oferecer sombra e frutos, a universidade precisa investir na renovação de seu corpo docente, na capacitação para novas tecnologias e na promoção de um ambiente que incentive a colaboração, a criatividade e a liderança.
Em resumo, o passado glorioso contrasta com um presente estagnado. O desafio é claro: atualizar-se para formar profissionais completos, capazes de enfrentar os desafios do mundo moderno com competência técnica e habilidades interpessoais. Essa transformação, embora complexa, é fundamental para que uma instituição recupere seu brilho e retome seu papel de destaque no cenário acadêmico e científico.
(Escrito pelo professor aposentado Emir Candeia Gurjão, as 15:06 horas do dia 8 de fevereiro) de 2025, faltando 12dias para completar 70 anos de idade.