

Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
SUBINDO LADEIRA
Publicado em 21 de novembro de 2023A controversa pesquisa divulgada semana passada pelo Instituto DATAVOX, apresentando dados conflitantes (duvidosos) sobre a avaliação da gestão do governador João Azevedo em Campina Grande, deixou a crônica política cabisbaixa e receosa em opinar sobre seu ceticismo – questionando veracidade dos índices. Blogs, Portais de Notícias, cadeias radiofônicas evitam contrariar a SECOM.
O exagerado percentual de 70% de aprovação do governo João Azevedo em Campina Grande, posicionando-o acima do prefeito Bruno Cunha Lima, expõe uma incoerência alarmante, que sugere, no mínimo, erro. Provavelmente não da empresa responsável pela amostragem. Mas, da metodologia aplicada, ou da equipe que esteve em campo coletando dados. Quem tem 70%, transferiria no mínimo 20% para seu pré-candidato a prefeito Jhony Bezerra, que aparece, na mesma pesquisa, com apenas 2%.
O fato que nos leva a desconfiar da “manobra Jhony” é o silêncio do deputado Adriano Galdino – presidente da ALPB – andarilho dos bairros, ruas, becos e avenidas de Campina Grande, que nunca demonstrou entusiasmo neste projeto “Palaciano”. Pelo contrário, aliado zeloso defensor do governador João Azevedo, continua persistindo no propósito de atrair Romero Rodrigues, como candidato da oposição, para enfrentar o prefeito Bruno Cunha Lima, ao lado dos Rêgo.
Adriano – como sempre enfatiza – é “acostumado a subir ladeiras”. Sua trajetória foi inspirada no determinismo, obstinação, que lhes custaram paciência e resiliência. Conseguir se impor como liderança política em Campina Grande e em seu entorno, sonho tentado por muitos, mas, conquistado por poucos. Elegeu seu irmão vereador na Rainha da Borborema, teve coragem de ir para o sacrifício, disputando a PMCG contra Romero Rodrigues (2016). A missão trouxe-lhes aprendizado. Ajudou-o a se consolidar como liderança estadual, com bases espalhadas por todas as microrregiões da Paraíba.
Na experiência vivida, quando enfrentou a disputa contra Romero Rodrigues (2016), Galdino sentiu o peso de uma oligarquia sedimentada há décadas na cidade, detentora do “direito de preferência” do eleitor. Não se muda esta performance com retóricas, capaz de quebrar paradigmas, como o conservadorismo do povo campinense. Na visão de Adriano, dividi-los é a forma mais prudente de participar do pleito (2024), com chances de uma disputa.
Quanto a pesquisa, qual foi o “milagre” operado por João Azevedo, capaz de catapultá-lo para patamar de 70%, quando há pouco mais de um ano atrás, usando a “máquina” e o vale tudo de uma acalorada contenda, alcançou apenas 32,63% do eleitorado campinense? (Segundo turno das eleições de 2022).
De janeiro deste ano (2023), até o presente (novembro), o governo não trouxe nenhum grande investimento para a cidade, gerador de emprego e renda. Não concluiu nenhuma grande obra. Paradoxalmente, quem está inspecionando obras, é o senador Veneziano Vital do Rêgo. E seu aliado Bruno Cunha Lima, com um programa “obra para todos os lados”, inaugurando pavimentação em ruas nos quatros cantos de Campina.
Quanto à decisão de Romero, em romper com seu grupo familiar, só existe um homem capaz de convencê-lo: Adriano Galdino, lhes assegurando que, na perspectiva de uma derrota, ele o reconduzirá à Câmara dos Deputados. Romero não confia no governador – que talvez seja candidato ao Senado – muito menos no núcleo ideológico que o blinda, impedindo-o de avançar na busca de abraçar novos aliados. A moeda de troca do mundo político sempre foi a “palavra” com compromissos cumpridos. Adriano tornou-se respeitado como “cumpridor de promessas”. Estilo bem-sucedido, usado nas eleições de 2022, quando abdicou de vários redutos, para reconduzir com lealdade a Casa de Epitácio Pessoa muitos dos seus fiéis amigos com assentos na ALPB.