Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

O FORTALECIMENTO DE BRUNO

Publicado em 4 de outubro de 2023

A “canetada” do prefeito Bruno Cunha Lima (29/09/2023) exonerando milhares de prestadores de serviços – contratados irregularmente – ao lado de ocupantes de “Cargos Comissionados”, motivou agitação além limítrofes do município, ensejando curiosamente “críticas oportunistas” dos empedernidos adversários do Clã Cunha Lima, enxergando no neto de Ivandro o fenômeno “Fênix”. Ainda ardem brasas sob cinzas.

Uma festa para a mídia local, que padecia da escassez de notícias, oriundas de fatos relevantes. Sobrevivendo do “press release”, alimentado pelas assessorias políticas, teve seu quotidiano alterado, despertando a atenção do “enfastiado” leitor internauta, ouvinte e telespectador web, público ora “antenado” nos acontecimentos de Brasília, “briga de cachorro grande”, travada entre os três poderes da República.

A omissão sobre o número exato, ou a relação identificando os prestadores e comissionados exonerados, suscita dúvidas sobre a extensão do dano e seus reflexos diretos causados nas famílias “vitimadas”, politicamente “enlutadas”. Afinal, foram oito, nove ou 10 mil? Impossível uma cidade do porte de Campina Grande a Prefeitura ter em seu organograma funcional oito mil cargos comissionados. Nem a burocracia do governo do Estado, com 223 municípios, dispõe deste número de postos. Exageraram?

A história se repete em forma de espiral. Testemunhamos ao longo do tempo inúmeros episódios e seus efeitos posteriores, praticados no mesmo formato e estilo da ação de Bruno Cunha Lima. Fazendo uma analogia à Contabilidade, trata-se apenas de um “encontro de contas”. Quem deve a quem, e como a dívida será quitada.

O “racha” ocorrido entre os Cunha Lima e o governador José Maranhão, episódio do Clube Campestre (21/03/1998), evidenciou a tese do saudoso Stanislaw Ponte Preta: fogo de morro acima, água de ladeira abaixo e “poder de caneta” sobreviventes são heróis mortos. Da frase original, substituímos o “poder de Caneta” por uma expressão pornográfica, que se refere à ereção masculina.

Dia seguinte, 22/03/1998, a opinião da mídia paraibana foi unânime: “Ronaldo acabou o governo de Maranhão… Só existe uma saída, renúncia de Maranhão… A resposta do governador foi através do Diário Oficial, que durante uma semana sua rotativa funcionou 24 horas por dia, em “Edição Continua”. Estima-se de 40 a 50 mil exonerados no primeiro momento. O pânico foi geral. Maranhão se escondia da multidão – a mesma que, inspirada no Apóstolo Pedro, negou três vezes Jesus – todos à procura de externar “solidariedade” à vítima da cólera, inveja, ódio de Ronaldo (?).

Em Brasília, curando a ressaca física/moral, o poeta percebeu que as necessidades das vísceras superam os mais nobres idealismos e fantasiosos sentimentos provindos de um coração extasiado pela paixão. Nos clippings que recebia sobre as notícias da Paraíba, todos os seus fiéis seguidores tinham esquecido a poesia e se dedicado à leitura do D.O.E. Quem seria o próximo?

Trinta dias depois, Maranhão veio a Campina Grande. Aeroporto João Suassuna lotado. Estávamos presentes e não só vimos, mas conversamos com Mário Araújo e Eraldo César. Ronaldistas de intimidade, que causavam ciúmes até a Glória. Irreverente, perguntei a ambos: e o poeta? Como resposta ouvimos: “aqui estamos como Chefe do Escritório do governo e o subchefe… Maranhão é o governador e é nosso dever recepcioná-lo”. Concluíram: “Ronaldo errou, foi um gesto insano. Maranhão sempre foi leal a ele (?)”.

Maranhão foi candidato à reeleição e o mais votado proporcionalmente do Brasil, com 82% dos votos válidos. Os Cunha Lima não apoiaram a postulação de oposição, encabeçada pelo deputado federal Gilvan Freire (PSB). Na visão do Clã, Gilvan, se eleito, seria outra força política a ser demolida, para sobreviverem. Preferiram derrotar Burity – marcando o voto em Cozete Barbosa – e se organizarem para 2022.

Em tempo: Romero já se pronunciou? Censurou Bruno? Ameaçou romper? A oportunidade perdida foi a de ser vice de João Azevedo. Mas, para quem não corre risco e só joga para vencer, não acreditou na reeleição do pessebista. E como “em tempos de pouca farinha, primeiro o meu pirão” sua opção foi ficar com um mandato de deputado federal. A fila de Bruno hoje é semelhante à de Maranhão (1998).