Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

‘CUNHA LIMA’ VOLTA A QUEBRAR CAMPINA

Publicado em 14 de setembro de 2022

Quando governada pelo chamado grupo Cunha Lima (Ronaldo, Cássio e Félix Araújo), por mais de duas décadas, todos os indicadores econômicos despencaram em Campina Grande vergonhosamente.

Com a eleição de Veneziano Vital do Rego, que na campanha eleitoral acusou publicamente o grupo pela derrocada dos números e conseguiu quebrar o infeliz ‘reinado’ de Governo do que ele classificava de “grupo dos vinte anos”, o ego do campinense se elevou e, consequentemente com o trabalho empreendido pela nova gestão, os indicadores reagiram e a cidade voltou a orgulhar os paraibanos conquistando posições invejáveis em todos os rankings nacionais.

O desastroso último ano do segundo mandato de Veneziano acendeu a luz vermelha nos números econômicos de Campina Grande, e aí a vigilância popular não permitiu que o prefeito fizesse o seu sucessor, na pessoa da ex-secretária de Saúde Tatiana Medeiros, derrotada nas urnas pelo primo de Cássio Cunha Lima, Romero Rodrigues.

Romero, se portando de modo independente à frente da gestão pública, governou Campina Grande por dois mandatos (oito anos) e, além de entrar para a História local como um – senão o principal – dos maiores prefeitos do Município, manteve a cidade crescendo e pontuando positivamente em todos os indicadores econômicos e sociais.

Mas, fiel ainda ao grupo que o introduziu na vida pública, Romero não conseguiu um nome para sucedê-lo que não fosse um CUNHA LIMA legítimo. Na disputa pelo posto tinha Tovar Correia Lima (Cunha Lima enviesado), Manuel Ludgério e Bruno Cunha Lima, finalmente o escolhido que venceu a parada já no turno inicial e contando com a imensa popularidade do padrinho, que deixou a prefeitura campinense ostentando invejáveis índices de aceitação.

Com a força e o prestigio popular de Romero, Bruno conseguiu vencer o ex-prefeito Veneziano Vital no primeiro turno, algo até então inacreditável.

Mas, a vida dá voltas…

O neto de Ivandro, que deveria ter centrado forças no apoio ao ex-prefeito para ser o candidato dos campinenses ao Governo da Paraíba, conforme haviam se acertado, preferiu o caminho perverso da ingratidão e não tardou a conspirar contra Romero para – como enfim conseguiu – retirá-lo do páreo em favor de outro CUNHA LIMA legítimo: o primo Pedro.

O resultado ficou para o pobre campinense de boa fé. A administração Bruno Cunha Lima tem se revelado pobre de iniciativas e nem sequer conseguiu dar andamento às obras que Romero não teve tempo de concluir, mesmo algumas delas tendo mais de 70% do projeto edificado, como são exemplos o Hospital da Criança e do Adolescente e o Parque Linear Dinamérica, dois dos ‘elefantes brancos’ que comprovam a lamentável inoperância de Bruno Cunha Lima

A prova maior desse desastre de gestão foi dada ontem pelo Centro de Liderança Pública (CLP) ao divulgar o ranking de competitividade dos Estados e Municípios e onde Campina Grande desaba literalmente voltando aos tempos inglórios de Ronaldo e Cássio na PMCG.

Antes de tudo, é importante informar que o ‘Ranking de Competitividade dos Municípios’ é uma ferramenta de grande relevância que chega à sua terceira edição e que visa apoiar os líderes públicos brasileiros nas tomadas de decisão, com foco na melhoria da gestão das cidades.

Por meio de avançada metodologia, o Ranking dos Estados ganhou uma expansão, com a incorporação de métricas de sustentabilidade. É a oportunidade de fomentar boas práticas para uma competição saudável rumo a justiça, equidade e desenvolvimento sustentável.

Essa terceira edição do ‘Ranking de Competitividade dos Municípios’ analisa o total de 415 municípios brasileiros (7,45% do universo de municípios), representando os municípios do país com população acima de 80 mil habitantes de acordo com a estimativa do IBGE para o ano de 2021.

Em relação à edição anterior do estudo quatro novos municípios passaram a compor o levantamento: Viana (ES), Ibiúna (SP), Telêmaco Borba (PR) e Caçador (SC). Em conjunto, os 415 municípios em análise correspondem a 59,96% da população brasileira (127,91 milhões de habitantes).

Como resultado, a terceira edição do ‘Ranking de Competitividade dos Municípios’ é composta por 65 indicadores, organizados em 13 pilares temáticos e três dimensões: instituições, sociedade e economia. Esta organização é fruto de ampla reflexão ao longo do projeto sobre quais são os temas fundamentais para se analisar a competitividade a nível municipal no Brasil.

Infelizmente, o Centro de Liderança Pública (CLP) atesta que a cidade de Campina Grande desabou na avalição feita na saúde e na educação.

A queda foi de 62 posições no acesso à Saúde e de 29 no acesso à Educação. E no desempenho geral, Campina também sofreu um abalo, caindo oito posições, ocupando agora o 172º lugar nacional

Contra números, óbvio que faltam argumentos sólidos. Mas, não para os “cabeças” da Prefeitura Municipal de Campina Grande, que logo correram à mídia hoje para tentarem justificar o caos revelado pelo Ranking.

A nota da PMCG diz que Campina Grande cresceu, em 2021, em funcionamento da máquina pública e inserção econômica no Ranking de Competitividade dos Municípios.

Sobre a queda na Educação e na Saúde, alega que “sofreram inevitável impacto da pandemia, mas investimentos da Prefeitura nos dois setores (sic!?) projetam resultados animadores”.

Para o núcleo “pensante” do Gabinete do Prefeito o Ranking de Competitividade dos Municípios 2022 demonstrou que Campina Grande “cresceu exponencialmente” em diversas áreas e ocupa o sexto lugar em todo o Nordeste. E que os maiores avanços com relação a 2021 foram nas áreas de funcionamento da máquina pública e inserção econômica.

No funcionamento da máquina pública pode até ser, se levado em consideração o número de “aspones” – prestadores de serviços e comissionados.

Nesse item de funcionamento da máquina pública, justifica a nota da prefeitura, a cidade subiu 125 posições, ficando em 239º quando comparado com os mais de cinco mil municípios brasileiros. E se jubilam de que dentro deste tópico a qualificação do servidor é um dos destaques, já que a cidade é a terceira em todo o Brasil quanto ao quesito.

Também alegam como aspecto positivo o crescimento do critério inserção econômica, em que teria subido 24 posições, puxado pela geração de empregos formais, ponto em que é a 25ª cidade no Brasil a mais gerar empregos formais. E que houve crescimento ainda nas áreas de meio ambiente e telecomunicações.

Alega ainda a nota da PMCG que alguns reflexos da pandemia da Covid-19 influenciaram no quesito saúde, já que critérios como mortalidade materna teriam rebaixado os índices de saúde pública, “visto que muitas gestantes morreram em função do coronavírus e estes dados de mortalidade materna eram baixíssimos antes da pandemia”.

O desastre na Educação é justificado em face de que “a evasão aumentou em virtude dos efeitos da pandemia, apesar dos esforços de busca ativa escolar empenhados pela Secretaria Municipal de Educação”.

E por último, como quem distribui balas para enganar menino, a prefeitura exalta na nota se valendo de uma fala do prefeito Bruno Cunha Lima:

-“Os dados demonstram as nossas potencialidades, onde temos avançado bastante, e apresentaram indicadores para nortear a gestão pública. Estamos passando por um amplo processo de reformulação do nosso sistema de acesso do cidadão aos serviços de saúde pública e isso vai transformar e impactar para muito melhor os serviços do SUS em Campina Grande através do programa Saúde de Verdade”.

Para quem quer ser enganado, palavras bonitas realmente bastam!