Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

VEXAME E DESFEITA

Publicado em 23 de março de 2023

O comportamento anormal do presidente Lula ontem em Campina Grande originou comentários impresumíveis – relatados e explanados com consternação – inclusive por setores “partidarizados” da mídia militante perfilada nas esquerdas progressistas.

Lula chegou calado e saiu mudo. A ausência da militância – no aeroporto João Suassuna e na cidade de Santa Luzia – foi uma prova inconteste que, de fato, procede a desconfiança da população sobre o resultado das urnas eletrônicas. Nas imagens, o semblante do Presidente mostrava desconforto, decepção ou choque de realidade irrefragável, enxergando que sem apoio do povo, seu governo não se sustentará.

O Governador João Azevedo – o tempo todo ao lado de Lula – por mais que se esforçasse, não conseguiu arrancar uma única palavra de afago do Presidente. Ainda tentou sensibilizá-lo, buscando um gesto de reconhecimento de sua indiscutível competência, por ter conseguido atrair investimentos do setor privado na ordem de 3,5 bilhões para produção de energia limpa. Seus relatos foram ignorados.

Lula desembarcou na Paraíba com uma “baita ressaca moral”, pelo vídeo “viralizado” nas redes sociais – furado por entrevistadores – usando palavras de baixo calão ao expressar seu ódio e desejo de vingança contra o ex-Juiz Sérgio Moro. Não se fala em ódio e vingança num País onde 90% de sua população é cristã. Os valores da fé pregada pelo cristianismo se alicerçam no dom do perdão: oferecer a outra face.

Quem condenou Lula foram seus delatores – a partir do seu ex-ministro da economia Antônio Palocci – confirmando provas materiais e circunstanciais, oriundas das investigações do Ministério Público Federal – através da “Operação Lava-Jato” – Força Tarefa montada pelo Procurador Geral da República, para estancar a hemorragia da corrupção sistêmica que estava levando o País ao estado de coma. Ao Juiz – quer fosse Sergio Moro ou outro qualquer – caberia apenas sentenciar.

Por que Lula não odeia, nem quer se vingar dos Desembargadores do TRF-4, que elevaram a pena dele em mais quatro anos, considerando que Moro tinha sido generoso? E o STJ, que por unanimidade confirmou a sentença do TRF-4? O próprio STF, que lhes negou habeas corpus? Até Fachin, que ao “descondená-lo”, não o inocentou. A manobra monocrática foi para torná-lo elegível. Todos os processos com provas robustas foram transferidos de Curitiba para Brasília. No bojo desta “manobra”, surge o benefício da figura jurídica “prescrição”, que ajudará Lula a não voltar para a cadeia.

Em entrevista concedida após a partida do Pesidente, o governador João Azevedo – que foi de Campina Grande a Santa Luzia no helicóptero presidencial – relatou que no percurso renovou os pleitos da pauta já encaminhada ao Presidente, destacando as prioridades do Estado, que dependem de investimentos do para continuar progredindo.

Subliminarmente, sua intenção foi fornecer subsídios para o discurso de Lula, que não aconteceu. O Presidente não quis se comprometer com João, assumindo publicamente que o ajudaria, com transferência de recursos ministeriais, para coroar sua segunda gestão. É chegada a hora do governador encarar a realidade: ele não pertence ao time de Lula. Por mais que force a barra, as portas permanecerão sempre fechadas. Lula na Paraíba (22.03.2023) foi um vexame para João Azevedo, e uma desfeita para a bancada da Paraíba no Congresso Nacional, que ainda se compromete em garantir sua “governabilidade”.