Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
VENCEU A FORÇA E O GRITO
Publicado em 12 de janeiro de 2023Senador Marcos do Val (ES) vem se manifestando através de várias entrevistas, desde a última segunda-feira, exibindo documentos que oficiou com antecedência (06.01.2023) ao GSI, Abin e Ministério da Justiça, sobre possibilidades concretas de atos de vandalismos, violência e terrorismo, nas manifestações pacíficas convocadas para o fatídico domingo (08.01.2023) em Brasília.
Para os que não conhecem o currículo ou a biografia do Senador, ele foi o único especialista brasileiro em segurança pública que trabalhou na S.W.A.T – tropa de elite norte-americana de combate direto ao terrorismo – e é instrutor nesta área, além de palestrante internacional sobre o tema. Tem contatos com os principais serviços de informações privados dos grandes países, e acesso – como membro colaborador – de diversas agências governamentais de inteligência.
Segundo Marcos do Val, na sexta-feira que antecedeu o quebra-quebra ligou várias vezes para o Ministro da Justiça Flávio Dino, que além de não atendê-lo, não respondeu às mensagens enviadas pelo aplicativo WhatsApp. Fato intrigante… Dificilmente um Ministro de Estado recusa atender uma ligação telefônica de um Senador da República, principalmente quando as mensagens enviadas, justificando a urgência das ligações, mencionavam questões de “Segurança Nacional”.
Vídeos “vazados” das câmeras de segurança do Plenário do Senado mostram a presença de vinte ou mais marginais – inclusive alguns sentados na Mesa Diretora – já depredando o local, duas horas antes dos manifestantes chegarem à Praça dos Três Poderes. Como eles conseguiram acessar o local, sem a conivência da Polícia Legislativa, que tem guarda permanente e dispõe de contingente armado para proteger as dependências do Poder Legislativo?
Simultaneamente as mesmas ações criminosas (cronometradas) estavam acontecendo no STF e Palácio do Planalto. O Ministro da Justiça Flávio Dino estava na sede do Ministério da Justiça – praticamente ao lado do Congresso e Palácio do Planalto – de onde observou os manifestantes pacíficos caminharem ordeiramente em direção à Praça dos Três Poderes. Por que não invadiram o Ministério da Justiça?
A trama conspiratória – como sugere Marcos do Val – foi perfeita. O novo Comandante do Exército tinha prometido ao Ministro da Defesa e ao Presidente, desocupar a frente do QG/DF. Mas, faltava uma justificativa plausível, para não comprometer a imagem da instituição – vivendo seu melhor momento até domingo – pela demonstração de confiança da maioria esmagadora da população brasileira. Todos nutriam esperanças e clamavam por sua intervenção, para restabelecer legalmente a Lei e a Ordem no País.
Os manifestantes morderam a isca lançada pelos sabotadores: a ideia de ocuparem e acamparem pacificamente a Praça dos Três Poderes, até o início da nova Legislatura, que se instala no segundo dia útil de fevereiro próximo. Quando se depararam com o quadro de destruição, voltaram para o QG do Exército, onde não foram mais acolhidos.
Atendendo uma ordem Judicial de um Interventor imposto “fora das quatro linhas da Constituição”, as FFAA entregaram todos à Polícia. Dois coelhos com uma única “cajadada”. O Exército se livrou dos manifestantes, e a Justiça – pelo terror da lei – os proíbe de novas manifestações, e acamparam-se nas calçadas dos Quartéis.
O Ministro Alexandre de Morais, criticado por todos os juristas do País, usurpou poderes do STJ, que de direito é a Corte que poderia autorizar o afastamento do governador do Distrito Federal. Mas, em tempos “Jacobinos” prevalece a força e o grito. Todavia é bom lembrar que “todo Robespierre tem seu dia de se encontrar com a guilhotina”.