Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Vai-te, displicência, vem-me Vates e Viola

Publicado em 20 de setembro de 2023

Há momentos na vida em que me acho um displicente, talvez um relaxado ao extremo com o que amo, com o que gosto. Foi assim que me senti na manhã de domingo ao ligar a TV no programa Cantos e Contos e ver e ouvir um grupo musical cantar o Nordeste sem a sanfona, o pandeiro e o triângulo e pegar uma “levada repentista” sem uma viola. Eu, que tanto amo o que é da região.

Pelo menos no programa apresentado por Cleber Oliveira, filho do saudoso Joacir Oliveira (Cabeção) e de nossa ex-cliente Menininha, Vates e Violas se apresentou sem a sanfona. Tenho uma vaga lembrança de que já ouvi falar desse grupo, mas não me recordo de ter ouvido alguma música deles antes; no Cantos e Contos, vi, ouvi e me encantei.

A displicência confessa toma contornos extremos pelo fato de a banda ter mais de 30 anos de estrada e sua formação majoritária ser de paraibanos da cidade de Prata, no Cariri do Estado, embora formada em Recife. Além do primeiro disco ter sido gravado em selo campinense, o nostálgico Guriatã de João Dantas.

Assim que o programa terminou, acionei o Google e o WhatsApp, pesquisei e ouvi o que pude de Vates e Violas. De imediato selecionei um vídeo com mais de uma dezena de músicas, coloquei a legenda “nordestino que mora em São Paulo, se não já conhece, deve conhecer Vates e violas”, e enviei para amigos e familiares que moram longe. A interação foi instantânea.

Líderes do grupo, os irmãos Miguel Marcondes e Luís Homero são filhos de Zé de Cazuza, poeta repentista e memorialista da poesia nordestina. Versejando, Cazuza diz que “tem Luiz, o maior troveiro, e tem “Marcondes, um bom compositor/No baião e no xote se projeta/Se de fato eu gerei tanto poeta/Agradeço ao Divino Criador”.

A minha displicência em demorar décadas para conhecer essa banda, só não é comparável com a de ser nordestino, tomar cachaça, gostar de forró e não dançar. Por isso, contagiado pelo repentismo, rogo: Vai-te, displicência que me atola, vem-me versos, os versos de Vates e Viola.

CANABIRA

Um dos copos que completa a pequena coleção de recipientes apropriados para tomar a dose de cachaça não entrou, por esquecimento ou displicência mesmo, na lista citada na coluna anterior, e também foi um presente. É o copo do Canabira, sugestivo nome de um racha que há mais de 50 anos reúne amigos da bola e da bebida. Grande entusiasta da agremiação, Júnior, o professor, aloprou e hoje faço o registro.