Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

TRÉGUA

Publicado em 18 de novembro de 2024

Nada acontece por acaso. Declarações recente do supersecretário Deusdete Queiroga, prontificando-se a ser o candidato à sucessão do governador João Azevedo, foi um recado do Palácio da Redenção para baixar a temperatura entre o Clã Ribeiro e o presidente da ALPB deputado Adriano Galdino, em campanha há um ano, consolidando com êxito bases de apoio para seu projeto político.

Por outro lado, a crônica política da Capital, alimentada pelos “fuxicos “palacianos”, após declarações de Deusdete Queiroga mostrando-se disposto a ser candidato ao governo, considerou a atitude do disciplinado (técnico) como uma missão. Entrou no debate da sucessão, para provocar uma distensão momentânea. Porém, em 2026, abdicaria de sua postulação, provocando o debate sobre um “tertius”, deixando fora Adriano, Lucas, e escolhendo Cícero Lucena como o candidato do governo.

João Azevedo permaneceria no governo até o final do seu mandato (31/12/2026) e seria compensado com o cargo de prefeito da Capital, sucedendo Cícero Lucena e realizando seu antigo sonho, de ser prefeito de sua terra natal. Muito embora sem combinar com o povo e ignorando o dinamismo da política nacional – mudanças bruscas e improvisos – o desejo do momento é para o governo, permanecer no governo.

Cícero Lucena terá pela frente um difícil terceiro turno, que pode começar a qualquer momento, a partir de decisão judicial que pode impedir sua diplomação. A denúncia é fundamentada nas investigações do GAECO, que culminaram em prisões. Cabe ao MPE acatar o pedido de cassação do seu registro de candidatura, aceitando a tese de abuso de poder político e econômico na sua reeleição. Se entre mortos e feridos todos escaparem, Cícero será o candidato a governador, apoiado por João Azevedo.

Roteiro cuidadosamente elaborado, João Azevedo licenciou-se para, em férias, visitar Londres. Em sua companhia, Deusdete Queiroga. Assumiu o governo o vice Lucas Ribeiro, cujo propósito é renovar o mandato da Senadora (sua mãe) Daniella Ribeiro. Lucas passou o comando do Estado para o presidente da ALPB Adriano Galdino, que aproveitou o ensejo e reuniu-se com empresários, visitou obras, realizou audiência com diversos setores, acolheu pedidos e sugestões. O gesto de Lucas sinalizou que não pretende enfrentar Adriano Galdino na disputa de 2026. Deixa implícito que precisa do apoio de Galdino – o mesmo que foi dado a Efraim – para reeleger Daniella. A palavra “impossível” não figura no dicionário político.

No momento só tem dois candidatos em campanha, com vistas ao pleito de 2026. Adriano Galdino para o governo do Estado e Veneziano Vital do Rêgo para o senado federal. Galdino (hoje) conta com o apoio do futuro presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta. Fortalece seu projeto. Veneziano representa o novo MDB, no centro e próximo à direita, abandonando o barco das esquerdas radicais lideradas pelo PT, derrotada em todo país nas últimas eleições. O PL até já convidou Temer para vice.

Quem conquistará o apoio de João é o pré-candidato que conseguir atrair a simpatia da Secretária Pollyanna Dutra. Eminência parda do poder, conselheira e leal defensora do projeto político do governador João Azevedo. Erram os que pensam nas influências de Ronaldo Guerra, Nonato Bandeira, Deusdete Queiroga. João ouvirá Pollyanna Dutra, e só apoiará o candidato que a escolher como vice.