Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

“The Writing+” dos desvalidos

Publicado em 4 de abril de 2022

Não obstante reprovar a estrangeirização do nome, em detrimento ao idioma que falamos, sou vidrado em duas versões do programa “The Voice”. Na junção das faixas etárias visadas, prefiro o paradoxo da esperança no talento precoce e a chance da experiência resgatada na maturidade vivida.

Tanto me alegro com a precocidade infantil do “The Voice Kids” quanto me emociono com a performance experiente do “The Voice+”. No delírio dessas emoções sempre contidas, chego a me perguntar por que não fazer uma versão escrita desse programa, visando àqueles que gostam de escrever.

O “The Writing+” dos meus delírios seria uma espécie de concurso literário abrindo chances para pessoas que escrevem e que sofrem o etarismo do tempo. Aliás, sou um desses indivíduos dispersos do jornalismo, resgatado quando ultrapassei a terceira faixa, já sem esperança – e sem disposição – de um retorno.

Entre estágio, colaboração e contratação, passei 17 anos no jornalismo impresso. Saí quando o mercado local foi se fechando e optei pela barriga – não aquela barriga que vez por outra afeta o meio. Já há muitos anos no comércio, conciliando com o jornal, escolhi ficar com o próprio negócio para ter uma “barriga cheia”.

Eis que 18 anos depois, já passado dos 60, fui resgatado por Marcos Marinho, após insistentes pedidos para que voltasse a escrever uma coluna n’A PALAVRA, agora na versão online. Esse retorno, confesso, resgatou muito de minha autoestima, que veio abaixo com o fracasso comercial na completude da terceira idade.

“The Voice+ é a celebração da longevidade”, definiu alguém, em comentário legendado na telinha durante o programa, no que concordo plenamente. Dionísia Moreira, 90 anos, e Marcília de Queiroz Pinheiro, 89, duas dos participantes finalistas, confirmam.

Nos meus delírios de terceirão, sugiro o “The Writing +” à versão escrita, mas aportuguesando o nome, valorizando a nossa língua. Na evidência do contraste entre a fala e a escrita, o meu concurso seria chamado “A escrita +”, e teria como patrono nosso cronista Gonzaga Rodrigues, o homem que, aos 88 anos, escreve pra moça ler.