Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

Tasso Jereissati e a realidade política dos parlamentares nordestinos 

Publicado em 17 de maio de 2022

Na última sexta-feira (13.05.2022), Mário Sérgio Conti em seu programa Diálogos – transmitido ao vivo pela TV Globo News – entrevistou o Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) com a nítida intenção de “auscultar” um tucano de alta plumagem, que lhes permitisse diagnosticar indícios de “comorbidades” visíveis, que vem debilitando a saúde da legenda, enferma e desidratada de popularidade em todo o País.

Calmo, falando mansamente como cristão católico em confessionário, Jereissati (confiteor) surpreendeu o entrevistador quando assumiu sua “mea-culpa” pelo desgaste que ora vive o PSDB. Lamentou a falta de renovação e ausências de novas lideranças, processo que teria evitado a desagregação da legenda, que vem trilhando os mesmos caminhos dos extintos PDS, PFL e DEM. Historicamente, o partido foi responsável por grandes mudanças no País, como o fim da hiperinflação, modernização do Estado – Lei de Responsabilidade Fiscal – início das privatizações; regras no setor econômico que permitiram o Brasil se inserir no bloco de potências emergentes, dentro de um cenário internacional, pré-globalização (final dos anos noventa século passado) gestão FHC.

A agremiação começou a perder força com o envelhecimento biológico de seus quadros, seguido de perdas insuperáveis como Mário Covas, Marcelo Alencar; Sérgio Mota; Sérgio Guerra…Lideres como Téo Vilela, FHC; José Serra; Aluízio Nunes… Alcançaram a compulsória… Desta geração, restou apenas Geraldo Alckmin, que após uma derrota acachapante em 2018, trocou de sigla e se abrigou no PSB.

Quando indagado sobre o futuro do partido, Jereissati não respondeu diretamente à pergunta, e começou a discorrer – sobre que todos sabem – o casuístico comportamento dos congressistas. O vício das Emendas Parlamentares, por quatro anos ininterruptos destinados a municípios escolhidos pelos parlamentares, em troca de apoio para renovação de seus mandatos. “Ninguém ali está pensando no País… Concluiu a narrativa, revelando seu desencanto recente, quando foi montar a nominata tucana no Ceará. Fizeram um leilão! iriam para quem ofertasse mais, não importando posições ideológicas ou compromissos com a sociedade, que defendem publicamente.

Surpreso com declarações “sincericidas”, o entrevistador fez sua última pergunta: “então você está deixando a política? Não vai renovar o mandato? “Não, respondeu. A política está me deixando”. Sobre os presidenciáveis, Jereissati não acredita na candidatura de João Dória (PSDB); não votará em Bolsonaro por acha-lo “difícil” (?) omitiu a dificuldade. Lula traria de volta os de sempre, carregados de rancor. Vê esperança em Simone Tebet.

Este drama do Ceará é o mesmo de todos os Estados da Federação. Renovar um mandato de Senador custará uma fortuna ainda incalculável no presente. Um deputado federal – se for “Bolsonarista” e as redes sociais abraçarem sua causa – sai mais em conta.

Paraíba também pertence ao Nordeste e vive o mesmo dilema do Ceará. Sobram candidatos para o Senado – dispostos a comporem a chapa governista – convictos da perspectiva que João Azevedo (irresponsavelmente) disponibilizaria as chaves do cofre, para usarem o erário público no financiamento de suas campanhas. Quando um milionário de berço (Tasso Jereissati) desiste de voltar para onde sempre esteve (Senado Federal), fica evidente que os custos comprometem suas economias pessoal e o caixa de suas empresas.