Talentos revelados por Ney Suassuna brilham no cenário político nacional
Publicado em 12 de dezembro de 2024Passam-se vinte anos (dezembro de2004) quando o jovem vereador Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) surpreendentemente foi eleito prefeito de Campina Grande e aguardava com ansiedade o dia de sua posse – 1º de janeiro de 2005 – encerrando um ciclo de vinte e dois anos ininterruptos do Clã Cunha Lima à frente dos destinos de Campina Grande. Na época, seu irmão Vital Filho (Vitalzinho) tinha um assento na Casa Epitácio Pessoa. Deputado Estadual, era líder do governo José Maranhão na ALPB e mesmo integrando a bancada do PDT, compunha a base de apoio do governo.
Nada acontece por acaso. Todo projeto exitoso sempre é protagonizado por um personagem ousado, destemido, obstinado e sonhador. Quem calcula riscos, falta-lhe a coragem para dar seu “grande salto’. Ney Suassuna havia viabilizado a eleição do senador Antônio Mariz (1990) e se contentara com a suplência.
Quatro anos depois o catapultou para o Governo do Estado. Finalmente alcançou sua aspiração, assumindo uma vaga como titular do Senado Federal. Filiado ao PMDB, gozava da amizade de José Maranhão (vice-governador de Antônio Mariz) e Ronaldo Cunha Lima, ex-governador que apoiou Mariz em 1994, oportunidade que também elegeu-se senador. O tempo passou rápido. Aproximava-se as eleições de 1998. Ronaldo desejava voltar ao governo, e José Maranhão tinha intenção de disputar a reeleição.
Nos bastidores, as chapas eram montadas ignorando Ney Suassuna, disposto a lutar por sua recondução. Veio a briga do Campestre (21/03/1998) e o racha no PMDB. Ronaldo subestimou a capacidade de Ney… Maranhão imediatamente o lançou como seu candidato ao Senado. Mário Silveira, supersecretário e conselheiro político do governador – eminência parda do Palácio da Redenção – juntou-se com Ney e em duas convenções derrotaram o poeta, que sem partido “queimou” uma eleição. Ney voltou para o Senado e em pouco tempo assumiu a liderança do PMDB. Aproximou-se do presidente FHC e em 2001 foi nomeado Ministro da Integração Nacional.
Atendendo tudo e a todos na Paraíba, as bases lançaram seu nome para suceder Maranhão. Nesta ocasião, o deputado estadual Vital Filho se aproximou do Ministro pré-candidato. Ney foi abruptamente boicotado por Maranhão, e desistiu da disputa. Mas, Vital Filho estreitou sua relação com o senador, vislumbrando sua candidatura à reeleição (2006), oportunidade que ele teria para conquistar uma das vagas na Câmara dos Deputados, um sonho que se realizou.
Para chegar a 2006, necessariamente tinham que passar pelas eleições municipais de 2004. Maranhão também estava no Senado. Mas, o PMDB não dispunha de um nome (grife) competitivo para lançar como candidato em João Pessoa, nem em Campina Grande. Sem o menor pudor, Maranhão aproximou-se novamente de Ney. Conhecendo seu grau de altruísmo, sabia que ele não tinha perfil revanchista, capaz de guardar magoas ou rancores. Enxergava apenas o futuro. O passado, deixava sempre no próprio passado.
O deputado Vital Filho corajosamente disponibilizou o nome de seu irmão, Vereador Veneziano Vital do Rêgo. Contudo, não tinha um vice nem recursos para pôr a campanha nas ruas. Maranhão tinha dificuldades de entender a “linguagem” quando surgia o termo “gastos”. Ney dominava este “dialeto”, assimilando a expressão “desembolso” como “investimento” e nunca estabelecia limites. Gostava de encarar desafios, tem facilidade de enxergar valores latentes, e revelar talentos.
Elegeu Veneziano Vital do Rêgo prefeito de Campina Grande e Ricardo Coutinho na Capital. Ambos foram reeleitos. Ricardo na disputa pelo governo em 2010, derrotou Maranhão, reelegeu-se e pôs um técnico como seu sucessor, numa eleição consumada em primeiro turno (2018). Veneziano havia assumido a vaga de sua genitora Nilda Gondim, que manteve a cadeira de Vital Filho na Câmara até 2014, após chegar ao Senado em 2010. Nilda Gondim, como suplente de José Maranhão (2014), assumiu o Senado com a partida do velho cacique.
Na acirrada disputa pelo Senado em 2018 o deputado federal Veneziano Vital do Rego concorria contra o ex-governador Cássio Cunha Lima, Daniella Ribeiro e Luís Couto – candidato preferido pelo então governador Ricardo Coutinho. Nas pesquisas para consumo interno dos partidos, Veneziano figurava em quarto lugar.
Sem rodeios, Vital Filho procurou Ney Suassuna, que todas as vezes se dispôs em atendê-lo e servi-lo. Aceitou a árdua tarefa de consolidar Veneziano como candidato competitivo. Mesmo fora da vida pública, Ney continua sendo uma “vitrine” atrativa, que seduz a classe política paraibana. Topou com humildade ser o suplente de Veneziano, coordenar financeiramente sua campanha e elegê-lo Senador da República, onde ainda está hoje, e como vice-presidente da Casa Revisora do Congresso Nacional.
Ontem, se fez presente nas festividades dedicadas à Paraíba, homenageando as conquistas do Clã Rego. Vital Filho assumiu a presidência do TCU – Tribunal de Contas da União, a Corte mais respeitada do país, por auditar gastos e despesas dos três poderes: Câmara dos Deputados, Senado Federal e Presidência da República. Para onde for destinado um centavo do dinheiro público, seus ordenadores de despesas têm que prestar contas ao TCU. Vereadores, prefeitos, governadores, Forças Armadas… Até ONGs e sistema “S”.
Na foto que ilustra o texto, Ney não esconde seu regozijo silente e íntimo, ao certificar-se que acertou em todas as apostas que fez para projetar sua querida Paraíba no cenário político nacional.
Sua história é longa, e não se limita apenas ao triunfo do Clã Rêgo…
Fonte: Da Redação (Por Júnior Gurgel)