Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Suplício de uma saudade filial (II)
Publicado em 27 de janeiro de 2023Não há nada mais confortante e mais importante na hora de uma despedida eterna do que a nossa fé, a solidariedade dos amigos e o apoio da família. Essa trilogia divina não nos faltou, na partida de nosso Glauber, naquele 29 de janeiro de 2022.
Basta eu confirmar que todos os irmãos que residem fora, vieram. Socorro, que mora em Santa Catarina, assim que soube, arrumou a bagagem, rumou ao aeroporto e lá mesmo comprou a passagem. Os outros, de acordo com a disponibilidade de tempo e férias, vieram depois, mas em tempo de nos consolar nos primeiros meses. Os que vivem aqui, então…
O primo Humberto, que nunca viera antes em nosso lar, no impacto da notícia, apareceu de forma inesperada e ficou o tempo todo ao nosso lado, disposto a nos ajudar.
Jussara (Ju), a prima paulista órfã paterna, que sabe brincar com as palavras, pegou meu contato e iniciamos uma aproximação que culminou num relacionamento de pai e filha. “Pai postiço”, como gosta de dizer. Se não fosse seu incentivo, o espaço desta coluna estaria vazio até hoje, acho.
Numa situação extrema assim, temos que ser compreensíveis com todos, principalmente os amigos. Boa parte deles, atônitos, não sabe como reagir, muito menos o que falar. Uns querem nos visitar, mas lhes falta coragem; outros, a exemplo da ex-cliente Giza, que nunca nos visitara, aparecem de surpresa.
Todos os amigos, garanto, nos confortam. No silêncio munificente, num gesto, num telefonema, numa mensagem via rede social. Paulo Roberto, tão habilidoso no microfone, com apenas duas palavras me confortou imensamente. “Meu Deus!”, disse.
O casal Soraia e Costa (Suednor) chegou com lanches para quem nos visitasse naquela tarde de fatalidade, representando as Equipes de Nossa Senhora.
Marcos Marinho, mesmo sem a oportunidade ainda de um encontro presencial, tem sido um ouvinte em meus momentos extremos de dor e de saudade.
A família de Mariana, a amada, como ele gostava de dizer, sofreu e continua sofrendo conosco essa dor. Lúcia Pinheiro, a mãe, foi uma fortaleza nas resoluções, transmitindo-nos confiança e serenidade, dividindo-se no consolo à filha, trazendo a reboque a solidariedade de seus irmãos. Mariana, na sua meiguice natural, perto ou distante, sempre nos consola.
O cunhado Feitosa, pequeno de estatura, transformou-se em gigante, destravando os trâmites burocráticos no contato com as autoridades especializadas, além do apoio logístico. O filho Luciano acalenta o tio sempre aparecendo aqui; até ceia conosco, como se ele fosse.
E a solidariedade dos filhos? Essa eu não sei nem dimensionar, pois, além de terem que superar a própria dor, buscam nos confortar. Helder, que mora em João Pessoa, com ajuda de sua Kelliane, subjugando seu jeito de ser; Morgana, na sua fé imensa, e o marido Gustavo, têm sido nosso esteio mais próximo.
No extremo das gerações, Miguel, o primeiro Neto, em poucos meses de vida resgatou até um sorriso que eu não tinha. Cleonice, minha mãe, se superou para estar ao meu lado no velório e, principalmente, no momento tumular.
Também sinto que se não fosse a união do casal, a reciprocidade nos sentimentos e nos consolos, essa travessia seria muito mais difícil. Enfim, repito, com o apoio da família, a solidariedade dos amigos e nossa fé conseguimos superar esse primeiro ano de uma perda irreparável.