Socialismo X Capitalismo, na visão apurada do professor Emir Candeia Gurjão

Publicado em 27 de setembro de 2023

No debate acerca do papel do Estado e do sistema econômico na sociedade, dois principais pensamentos se destacam: o dos social-democratas (ou socialistas), frequentemente associados aos anticapitalistas, e o dos liberais-democratas, que apoiam o capitalismo. Cada um desses grupos possui perspectivas distintas sobre a relação entre o Estado, a economia e o bem-estar da população.

Os social-democratas (ou socialistas) argumentam que grande parte da pobreza no mundo pode ser atribuída ao capitalismo. Eles defendem que o Estado deve desempenhar um papel fundamental na resolução dos problemas sociais e na promoção do bem-estar da população. Para alcançar esse objetivo, advogam pelo aumento do tamanho do Estado e da arrecadação de impostos, com o propósito de fornecer benefícios aos menos privilegiados. Isso é visto como uma forma de garantir que todos tenham acesso a serviços essenciais, como educação, saúde e segurança.

Por outro lado, os liberais-democratas, que sustentam o capitalismo, argumentam que um Estado menor, com menor intervenção na economia, é mais eficiente. Eles acreditam que a redução da carga tributária e a maior liberdade para o empresariado podem substituir eficazmente o governo em diversas áreas, resultando no aumento da participação do setor privado na oferta de serviços. Isso, por sua vez, diminuiria a necessidade de aumentar impostos e promoveria o bem-estar da população de maneira mais eficaz.

Ao comparar a atuação de um Estado mínimo, típico dos liberais-democratas (capitalistas), com um Estado grande, associado aos social-democratas (socialistas), podemos observar algumas diferenças. Vamos considerar os seguintes aspectos resultantes do modelo de Estado mínimo ou liberal-democrata (capitalista): os pobres possuem celular – sim; os pobres possuem acesso à internet – sim; os pobres têm computador – sim; os pobres têm transporte próprio – sim. Em contrapartida, a atuação do Estado grande e social-democrata (socialista) resulta no seguinte: os pobres conseguem educação – não; os pobres conseguem acesso à saúde – não; os pobres têm segurança – … Celular, internet, computador, moto e carro são frutos do capitalismo, enquanto educação, saúde e segurança são responsabilidades do Estado.

No modelo liberal-democrata (capitalista), a ênfase recai sobre a responsabilidade individual (de quem utiliza ou possui). Os pobres podem ser mais independentes em relação ao acesso a bens de consumo, como celulares e computadores, devido à menor intervenção do Estado na economia e à participação do setor privado na oferta desses produtos. Por outro lado, no modelo social-democrata (socialista), a ênfase está na arrecadação de impostos de todos, independentemente de riqueza, uso ou necessidade, a fim de garantir a oferta de educação, saúde e segurança, dependendo da capacidade de arrecadação e gestão de impostos.

Isso levanta uma questão importante: os pobres possuem uma série de bens materiais, como celulares, internet, computadores, roupas, motos e bicicletas, mas, por outro lado, não têm garantias de acesso à educação, saúde e segurança. A decisão sobre qual abordagem é mais adequada depende das crenças e valores individuais. Algumas pessoas preferem confiar em um Estado grande que fornece serviços essenciais, mesmo que isso envolva uma carga tributária mais alta. Outras optam por um Estado mínimo, com maior ênfase na responsabilidade individual e menor intervenção governamental na economia. A escolha muitas vezes é influenciada por opiniões políticas, experiências pessoais e perspectivas sobre o equilíbrio entre liberdade individual e igualdade social. Cabe a cada indivíduo considerar essas perspectivas e decidir em qual delas acreditar. ,

Fonte: Emir Candeia Gurjão