Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

SOBROU EM BRUNO A CORAGEM QUE FALTOU A COZETE

Publicado em 5 de outubro de 2023

Episódio “demissão em massa”, ato político do prefeito Bruno Cunha (29/09/2023), respaldado numa retórica pouco convincente, destacando que o momento econômico nacional exigia “austeridade” – contenção de despesas evitando um premente colapso financeiro da PMCG – foram interpretadas dentro de um contexto pragmático, como argumentos para tergiversar os reais motivos da crise.

Na “coxia”, ou bastidores desta peça teatral, sempre esteve Romero Rodrigues determinando movimentos dos atores em cena, ditando suas falas, marcação de palco e interpretação. Bruno, no papel de protagonista, aos poucos se transformaria em coadjuvante. E no ato final, um simples “figurante”.

A repercussão do evento – página virada – fadado ao esquecimento em duas semanas, alcançou seu propósito. Constatou mais uma vez a secular e incontestável teoria de Maquiavel: “só existem duas alternativas para o Príncipe governar: “pelo amor ou pelo temor”. Ao longo da história, são raros os que foram amados.

Bruno seria um bafejado da “sorte instintiva”? A precisão de suas ações indica que tenha um Conselheiro, ou Conselheiros Políticos, concebido no estilo milenar do povo Judeu. As gerações presentes escutam o “Conselho de Anciões”, usando o passado como bússola, para alcançarem um futuro promissor. Método eficaz dos Judeus, sobreviventes às tiranias milenares, obstinadas em extinguir seu povo.

A ex-prefeita Cozete Barbosa teve a oportunidade de praticar o mesmo ato de Bruno, e ter sido reeleita (2004). Entretanto, sua personalidade foi formatada nos conceitos da lealdade, ética e altruísmo. Fez acordo político com Cássio Cunha Lima para receber seu apoio na disputa para o Senado Federal (1988), casando seu voto com Ney Suassuna. Após as derrotas nas duas convenções para Maranhão, o objetivo seria derrotar Burity. O precavido Ney Suassuna exigiu a “marcação” de seu voto, para aferir a densidade eleitoral dos Cunha Lima. Os recursos chegaram a Cássio. E Cozete (vereadora) obteve 180 mil votos. Burity perdeu pela falta de 40 mil sufrágios.

Com este resultado, Cássio sabia que tinha criado uma liderança que o enfrentaria nas eleições municipais de 2000. Ela petista raiz, ele tucano. Atropelaram as paixões partidárias, se uniram para a reeleição de Cássio (PMCG 2000), Cozete como vice. O tucano “patrolou” seus adversários. Logo após sua reeleição, começou imediatamente a campanha para o Governo do Estado (2002).

Abraçando o risco, afastou-se da PMCG, entregou a Cozete, que honrou seu compromisso. Rachou o PT e teve um papel fundamental na eleição de Cássio para o Governo do Estado. Sua amizade com o Presidente Lula, eleito pela primeira vez, lhes deu a oportunidade de pavimentar seu próprio caminho. Por que não fez o mesmo que Bruno?

Dia 02/01/2003 era para ter exonerado toda a equipe de Cássio, que já vinha de Ronaldo, primeiro e segundo escalão, poderoso, que obedecia a Cássio e não a prefeita. Convocasse os grandes talentos da tecnocracia, como Lynaldo Cavalcanti, José Silvino Sobrinho, Garrincha, Moaci Carneiro, Arlindo Almeida, Marcelo Figueiredo Lopes… dezenas de gênios que transformariam a cidade com projetos exequíveis, prontamente abraçados pelo Governo Federal, que recebia Cozete sem marcar audiência. Alertamos Paulo de Tarso, vereador e seu ex-esposo, mostrando que o cavalo estava passando selado.

Em dois anos, Cássio não trouxe absolutamente nada para Campina Grande. Cozete “arrancou” de Lula, com apoio de Ney, recursos para urbanização da Favela do Pedregal, um banho de asfalto na cidade, pavimentações… Entretanto, faltaram grandes projetos para consolidar a vocação econômica da cidade.

Refém da equipe de Cássio/Ronaldo, Cozete ainda se prestava a ouvir os petistas “zumbis”. Em abril de 2004 a equipe “Cassista” começou a fomentar a candidatura de Rômulo Gouveia. O amigo José Marques Filho, irascível antipetista, orquestrou a debandada em junho (2004) de toda equipe do governo Cozete, deixando-a sem órfã de governabilidade. Quando foi procurar alguns dos nomes que mencionamos, não os encontrou. Tarde demais. Aquela que poderia ter chegado ao Governo do Estado, sucumbiu no primeiro turno. Como no “se” encaixa-se qualquer premissa, vale vislumbrar: “Se” Cozete tivesse agido como Bruno”? Estaria no ostracismo?