Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

SINUCA DE BICO

Publicado em 28 de dezembro de 2023

As declarações do ex-governador Cássio Cunha Lima, defendendo o fortalecimento do projeto de reeleição do prefeito Bruno, tiveram resposta imediata da senadora Daniella Ribeiro, que se deixou levar pela emoção e cometeu grosserias com o herdeiro do legado deixado por Ronaldo Cunha Lima. Daniella esqueceu que deve sua estreia na vida pública, e seu atual mandato de senadora, a Cássio Cunha Lima.

Foi escolhida a dedo por Cássio como vice do saudoso Rômulo Gouveia (2004), derrotado por Veneziano Vital do Rêgo por apenas 689 votos. Secretária de Estado do Governo Cássio, teve a oportunidade para se preparar, e alçar voo, alcançando uma das vagas na Assembleia Legislativa. Como segunda opção da chapa de Cássio para o senado federal (2018), vimos no retrovisor 2006, Braga e Efraim. Braga “casou” todos os seus votos com Efraim, que para derrotá-lo, casou os seus com “Doido Bala”. A história sempre se repete. Braga e Cássio enfrentaram uma campanha sem dinheiro.

Ao se referir a um projeto de décadas, em defesa de Campina, Cássio esqueceu de aludir que os Rego e Cunha Lima se uniram no distante 1968, para derrotarem Seu Cabral. A única eleição que não participaram – quer seja como aliados ou rivais – foi a de 1972. Ronaldo e Vital estavam com seus mandatos cassados, e seus direitos políticos suspensos por dez anos. Mesmo assim, trabalharam nos bastidores para eleger Juracy Palhano, que perdeu para os mapas eleitorais – Major Câmara – não para Evaldo Cruz.

Com “tacadas” brilhantes no Congresso, Daniella e seu irmão Aguinaldo jamais imaginaram que terminariam numa “sinuca de bico”, abusando da sorte ou subestimando a habilidade do adversário “paroquiano”. Parafraseando o saudoso senador potiguar Agenor Maria, “o Senado é o Céu… Só não se consegue ver Deus. Mas, ainda se escuta sua voz”. Daniella, como seus 80 colegas, todos querem continuar desfrutando dos privilégios e poderes que só a Casa Revisora do Parlamento dispõe.

O governador João Azevedo – como destaca Daniella – tem prestigiado seu filho, vice-governador Lucas Ribeiro. Pretende ser candidato ao Senado Federal em 2026. Sua eleição, passa pelo apoio das lideranças políticas vitoriosas no pleito municipal de 2024, que já entrou em contagem regressiva: faltam 281 dias para o primeiro turno, que ocorrerá no dia 06/09/2024, primeiro domingo de outubro. O tempo urge, e João Azevedo – para ganhar ou perder – ainda não tem um candidato a prefeito em Campina Grande, segundo maior colégio eleitoral do Estado.

Fazendo uma analogia ao futebol, João é o “time” que depende do resultado de outros jogos, para sonhar com uma “classificação”. Querem culpar Romero Rodrigues (?). Loucura! Este “filme” todos já assistiram. O lugar que hoje ocupa Lucas Ribeiro foi recusado por Romero, para não dividir a família.

Se é para nomear culpados, apontem o dedo para o Clã Ribeiro. O problema é deles. Tem Aguinaldo, Daniella e o próprio Lucas, que poderão disputar contra Bruno. Entretanto, temem o resultado das urnas. Se a candidata for Daniella – mesmo vencendo – amargará a derrota de nunca mais voltar ao Senado. Se Lucas vier para a disputa, não assumirá o governo, dificultando a reeleição de sua mãe. E Aguinaldo compromete sua recondução em 2026. Será forçado a abandonar suas bases, e cuidar exclusivamente de sua campanha na cidade. Como “bola da vez”, só resta Lucas. É jovem, e repetindo a trajetória de sua mãe – perdeu como vice de Rômulo (2004) e em 2012 não alcançou o segundo turno – tem tempo suficiente para superar uma derrota.