Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Secaram o Flávio, inflaram o outro 

Publicado em 6 de junho de 2023

Paradoxal uma empresa cuidar de arte, ter arte no nome e diminuir a arte; estar sediada no Nordeste e diminuir a arte nordestina; e desrespeitar um artista que tanto respeita a nossa autêntica música regional. É um crime encurtar um show de Flávio José, que reagiu com visível irritação, mas com firmeza e respeito ao seu público.

“Crime inafiançável”, diriam os entendidos em lei, quando se sabe sobre o cometido no palco do Maior São João Mundo, do qual Flávio José é um ícone, assim como ícone é da nossa música raiz em toda região. Uma desconsideração a um artista imenso que, com seu talento e seus inúmeros sucessos, ajudou a festa a crescer como produto turístico.

Não fui ao Parque do Povo, mas vi a dimensão negativa que o fato tomou, e fiquei a imaginar se Luiz Gonzaga fosse vivo e acontecesse com ele. Primeiro, acredito, ninguém teria coragem de peitar o homem, conhecido por sua autenticidade rude na franqueza de reagir, e reagir com rapidez, ao que lhe contrariava.

Vale lembrar o que foi contado certa vez por Pinto do Acordeom. Ele tinha participação programada em evento de forró em São Paulo, mas sua apresentação chegou a ser cancelada. O sanfoneiro paraibano já se preparava para sair quando encontrou com o Rei do Baião e lhe contou do cancelamento. “Se Pinto não cantar aqui, eu não canto”, ameaçou Gonzaga.

A história de Flávio José com o Maior São do Mundo é longa. São mais de três décadas de participação nos 40 anos da festa, com vários sucessos cantados no PP, e essa história deve ser considerada. Diminuir a duração do seu show foi um desrespeito ao seu talento e uma agressão à cultura e à arte nordestina.

Os produtores da festa não produziram arte, produziram artimanha. Não foi legal diminuir o show de Flávio, inflando o de Gustavo Lima que, parece, por onde passa, quase sempre deixa um rastro de corrosão.  

OS PROIBIDOS NO “PP” 

A propósito, foi proibida a entrada de muitas coisas no PP. Proibiram até guarda-chuvas e sombrinhas, além de acessórios com formatos e partes pontiagudas. A mulher de um amigo meu é tão magra, mas tão magra, que só tem os ossos. Chega parecer que se acabou. Não vai poder levá-la.

SÓ ELAS 

Até que gostei do especial “Só Elas”, um show de Elba Ramalho, Lucy Alves, Solange Almeida e Nanara Bello dentro da programação especial do São João da Rede Paraíba, exibido na tarde de sábado. Com sua voz marcante, apesar da idade, e agilidade corporal, Elba mostrou que o tempo não conta para ela. Se fosse só ela, o programa ainda valia.