Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

Ronaldinho de volta: a gente chora ou comemora?

Publicado em 19 de outubro de 2023

Depois da gigante ‘peneirada’ que deu no time com o qual governa Campina Grande, vitimando pequena parte da incompetência que lhe arrodeava, Bruno Cunha Lima resolveu se valer também do sangue familiar para tocar o resto do mandato e tentar alavancar a caminhada para a própria – e nada fácil – sucessão.

No novo balaio, BCL abriu lugar para uma ácida figura que não tem muito serviço prestado a Campina Grande, embora seja um CUNHA LIMA RAIZ – Ronaldo Cunha Lima Filho!

E assim, o ex-vice-prefeito da cidade, o ‘Ronaldinho’ que Campina pouco conhecia e ele a ela idem, um rapaz extremamente inteligente que se porta com uma desenvoltura espetacular, tanto na fala quanto no modo de viver, volta à terrinha para servir ao primo, primeiramente, e a si próprio certamente, como fez no passado lustro de quatro anos em que virou segundo nome da hierarquia do Poder público municipal campinense.

Há quem diga que Ronaldo Filho tem mais do pai que o irmão Cássio, cujas características pessoais se assemelham em maior proporção à mãe, que é ‘Rodrigues’ antes de ser também ‘Cunha Lima’.

Ronaldinho fala com a mesma voz do pai; abraça o povo do jeitinho que o pai fazia; come cuscuz com bode, mocotó de boi ou picado de porco com o mesmo gosto mostrado outrora pelo pai. E sente-se bem no bar do Genival e no Beco do Califon da mesma maneira que se põe ótimo dentro de um Campina Grill ou circula pelo bairro das Nações, por exemplo. No modo de vestir, o desbotado tênis e a surrada camiseta caem-lhe bem e as últimas peças que lhe apetecem o desejo parecem ser o formal paletó e a gravata de seda italiana, tão ao gosto do mano que um dia foi senador.

É, por assim dizer, o cara dos extremos: tanto lhe dá gosto sentar no tamborete da casinha de Seu ‘Zé da Catota’ na ponta de rua quanto aboletar-se no mais confortável sofá dos ‘Robertos Santiagos’ da vida. E foi assim, enquanto vice-prefeito, que quase conseguiu devagarzinho conquistar humildes e abastardos, à maioria surpreendendo, até que o outro primo, Romero, não o quis mais ao seu lado e optou por Enivaldo Ribeiro para o segundo mandato na PMCG, literalmente o enxotando da Rainha da Borborema, onde raramente depois disso veio visitar.

Paira ainda a dúvida se também costuma fabricar versos de pés quebrados, daqueles que o pai-poeta declamava nos palanques e nas periferias campinenses, para deleite dos apaixonados admiradores. Mas nisso, é bom nem imaginar, pois de poesia agora na família quem cuida bem é o próprio Bruno…

Do que sei mais dele é que é competente. Muito, aliás! No Governo do pai atuou com mão de ferro na poderosa Secretaria de Comunicação Institucional, que tinha o Chefe maior – saudoso Deodato Borges – apenas como figura ilustrativa.

Aqui em Campina Grande o trabalho de Ronaldinho, na época em que foi vice prefeito, parecia ser árduo e pelo menos era isso que ele dizia. Ele mesmo contou que acordava mais cedo que antes e tinha agenda lotada. E fazia questão de avisar que de nada reclamava, pois foi eleito na chapa do primo para isso mesmo – trabalhar! Se iria ofuscá-lo a partir do carisma exponencial, a história veio dizer que não.

Não sei realmente se o chamamento de BCL para seu amado primo largar a bela orla de Tambaú para vir tomar conta da Cultura de Campina Grande vai valer a pena. Até imagino que tenha pesado para isso essa qualidade nata do Ronaldinho FESTEIRO que a família tanto aplaude.

O cara não somente gosta de festas; faz festas, canta em festas, toca em festas e ganha muito dinheiro em festas. Lá em João Pessoa já foi, ou ainda é, sócio do filho do dono do Manaíra Shopping na Domus Hall, a maior casa de shows da nossa Capital. E no Fest Verão, a mega festa que abala a temporada de Sol em Cabedelo, é dele o dedo da organização.

Acho, entretanto, que uma coisa não tem nada a ver com a outra; ou que pelo menos não vai ajudar na outra. Mas, o sábio BCL até nisso – penso eu – pensou. Quer apenas o peso do nome, porque para pegar no peso do trampo a secretaria continuará muito bem servida com a inegável capacidade de conhecimento e organização do Secretário Executivo João Dantas, o homem da Guriatã, dos Tropeiros da Borborema, do Sítio São João e dos repentes.

De sorte que nisso aí Ronaldinho não tem do que se preocupar. Pode vir para beber cachaça no Bananal, comer tripa de porco assada na Casa de Mãe ou a maravilhosa carne de sol regada a vinho chileno na aprazível Cantina do Manoel, que João vai dar conta do recado!!!

E que seja assim mesmo, para não repetir o que fez na gestão do primo Romero quando este lhe confiou a espinhosa missão de organizar a festa d’O Maior São João do Mundo e essa quase virou bagaço.

Aliás, naquela época (2013) o Maior São João do Mundo fez em Ronaldinho sua primeira vítima: na condição de coordenador do evento, exposto que ficava eventualmente às intempéries do tempo desorganizado do meio de ano em Campina Grande, ele foi acometido de uma pneumonia braba e veio a ser internado no hospital João XXII, sequer podendo comparecer à abertura da festa que aos trancos e barrancos fazia acontecer.

Foi inclusive, mais azarado que o gigante Pezão, por ele contratado a peso de ouro para garoto-propaganda do evento nos Estados Unidos e que foi à nocaute em Las Vegas em menos de um minuto e meio de luta. Já Ronaldinho caiu antes da festa começar.

A culpa, de acordo com release que a CODECOM veio a divulgar, teria sido sim d’O Maior São João do Mundo, atestada incrivelmente pelo médico diretor do hospital, coincidentemente um ex-vice-prefeito de Campina Grande, Evandro Sabino.

A ‘grife’ do Maior São João do Mundo foi tão azarada em 2013 que ficou, perante os olhos do planeta, diminuída, principalmente porque Antonio Silva, o popular “Pezão”, só fez bonito mesmo quando esteve assinando contrato em Campina Grande e visitou os clubes de futebol Treze e Campinense, onde posou para álbuns de ilustres figuras campinenses.

Natural de Campina Grande, Pezão era até o dia em que assinou o contrato com Ronaldinho uma estrela em ascenção nas artes marciais mistas (MMA), principalmente depois de sua espetacular vitória sobre o holandês Alistair Overeem, no início de fevereiro daquele ano, em Las Vegas.

E foi exatamente por conta disso que Ronaldinho correu atrás dele e apresentou-lhe uma irrecusável proposta, imediatamente aceita, mas até hoje sem valores divulgados para o público.

Pezão decepcionou ao ser nocauteado vergonhosamente em menos de um minuto de luta perante Cain Velasquez. E ao ser pesado antes da peleja a camisa paraibana que vestiu não tinha nada que referenciasse o São João de Campina, passando assim a infeliz certeza de que o dinheiro suado do contribuinte campinense foi jogado fora. Mas já no dia seguinte posou para a imprensa dos States ao lado de uma reluzente Ferrari vermelha, que críticos do filho do poeta ainda hoje dizem ter sido adquirida com dinheiro do São João daqui.

Por isso, que BCL ponha suas barbas de molho e, embora a Pasta da Cultura conte com a comprovada e histórica experiência de João Dantas, fique a lição: Ronaldinho sabe gastar muito e fazer festas privadas, jamais públicas!

E que este seu retorno ao Poder Público municipal campinense venha servir-lhe, pelo menos de aprendizado. Aliás, o melhor presente que um bom primo como BCL poderia lhe dar na presente atualidade.

Que seja, pois, benvindo! E que João Dantas trabalhe por si e por ele, para o bem de Campina e – por que não? – do projeto político do nosso jovem alcaide.