Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

“ROMANTISMO” ELEITORAL

Publicado em 31 de outubro de 2024

Ilustração do professor Vanderley de Brito, presidente do Instituto Histórico de Campina Grande

Fazer campanha política atualmente é assustador.

Lá atrás – e eu fui candidato há quase duas décadas – o eleitor era menos invasivo, chegava em alguns casos a ser cordato e mesmo oferecer um cafezinho ao candidato. Nos ouvia com atenção, era respeitoso e dava para sentir que se sentia alegre em receber alguém que lhe pedia voto.

Veja bem, eu disse LÁ ATRÁS !!!

Lastimavelmente, e quase sem registro de exceções, hoje é o inverso. Não tem cafezinho, nem água. A cara feia impera; a má educação campeia; e o candidato, aos olhos do eleitor, parece Papai Noel. Ouvir o candidato? Pra que, se a listinha das “necessidades” já está pronta na mão de cada um!

Tá certo que o peditório não é lá coisa tão nova. Vem de longe, por implantação do próprio candidato – aquele bom de bolso – que à falta de propostas ou convincente argumentação empanturrava a “clientela” com tijolos, cimento, dentaduras, armações de óculos, sandálias japonesas e pagamento de papéis de água e luz…

Me dizem os entendidos ser coisa da “nossa cultura”.

Terá sido por isso que trocaram a capacidade e vivência exponencial de um João Dantas pela tenebrosa “agilidade” de um Dinho Papaléguas?

Não vou avançar muito nesse artigo, mas prometo voltar ao tema, contando as minhas inglórias novas experiencias da atual – curta, graças a Deus e ao TSE – campanha.

Lá atrás a sabedoria “inocente” da velha política motivava pelo menos a gente contar os “causos” e até dar risadas pela inteligência do criador, como nos deu exemplo antológico o querido e saudoso Antonio Pimentel, lá de Galante, que se elegia sucessivamente sem problemas em Campina Grande comprando a preço de custo a produção de sapatos das fábricas do Zé Pinheiro para distribuir com seus fidelíssimos eleitores, tendo o cuidado de dar ao “amigo” um pé antes da eleição, mas advertindo-o que o outro, com caixa e tudo, só depois da contagem dos votos.

A isso eu dou o nome de “romantismo eleitoral”, coisa que o tempo também sepultou.