Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima: o retorno fortalecido de duas grandes lideranças políticas da Paraíba

Publicado em 12 de março de 2025

Na leitura do Palácio da Redenção, sob a ótica de seus estrategistas com ajuda da atuante mídia palaciana, o governador João Azevedo havia se tornado o senhor dos destinos da classe política paraibana. Bem avaliado nas pesquisas, com poder de caneta, comandaria a seu modo as eleições de 2026, escolhendo a dedo nomes que comporão uma chapa vitoriosa.

Olhando no retrovisor, desfruta no momento os melhores dias de Ricardo Coutinho, após derrotar os Cunha Lima e o ex-governador José Maranhão.
Nas últimas 48 horas, entretanto, tudo começou a mudar e apequenar a liderança do governador: Perdeu uma grande legenda, e seu “gordo” fundo partidário ao ver Daniella Ribeiro abandonar o PSD – ou ter sido convidada a deixár a legenda – que caiu no colo do ex-governador Cássio Cunha Lima.

Para completar o quadro de adversidades surgido no horizonte, o ex-governador Ricardo Coutinho emplacou a esposa Amanda Rodrigues na Secretaria Especial de Acompanhamento Governamental, se constituindo na autoridade imediata da nova ministra Gleisi Hoffman. Além de Amanda, Ricardo Coutinho impôs o nome do médico Marcelo Costa como Chefe de Gabinete de Gleisi.

Como João Azevedo irá arrancar do governo federal 2,0 bilhões de reais para concluir projetos de sua gestão? Mesmo em polos opostos, Cássio, Ricardo e o Senador Veneziano Vital do Rêgo se unem num único propósito: cortar as asas da terceira via da Paraíba, derrotando João Azevedo. Veneziano, se souber se comportar, será votado por Ricardo e Cássio Cunha Lima. Seu partido, o MDB (dividido como sempre), está disposto a deixar a base aliada de Lula. A ministra Simone Tebet não tem voz nem vez no governo. Compromete o partido, que lançará uma carta aberta à Nação, na pretensão de retomar sua performance dos anos oitenta, como uma legenda democrata e agregadora de centro, abrigando em seus quadros os moderados das esquerdas e direita.

Ricardo Coutinho terá um ano e seis meses para reconstruir os escombros do que restou do PT na Paraíba. Verbas serão liberadas para prefeitos, sem passar pelo Parlamento, muito menos por pleitos do governador. Atacará as bases do PSB, desidratando os votos de João Azevedo, que recentemente subestimou os prefeitos numa declaração desastrosa. “Trabalho para o povo, não para prefeitos”. Esqueceu que a vaidade é o principal combustível da classe política.

Cássio, com a força de Gilberto Kassab, terá a mesma tarefa. Unir-se ao PSDB e reconquistar lideranças que se distanciaram ao longo do tempo, por sua ausência na vida pública. Pedro Cunha Lima, voltará à cena política.

O destino de Daniella Ribeiro será o PP. Seu irmão, Aguinaldo Ribeiro, tem confessado aos colegas da bancada paraibana na Câmara, que será candidato ao Senado. Sacrificará sua irmã, e com apoio de Cícero Lucena formará a chapa do Senado ao lado de João Azevedo. No comando e na cadeira, com poder de caneta, estará governando a Paraíba o sobrinho Lucas Ribeiro.

Mas, Aguinaldo esqueceu que existe o Republicanos. Muletas que sustentarão João, tanto na Assembleia quanto no plano federal, com o empenho do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.

Mesmo como líder da maioria na Câmara – título honorífico semelhante a presidente de honra – sem nenhum poder de comando sobre os dirigentes partidários, Aguinaldo Ribeiro ainda não enxergou o poder de Gleisi e do seu ex-namorado Lindbergh Farias, líder do governo na Câmara. Eles nunca esqueceram sua ingratidão de ter sido ministro de Dilma Rousseff e votar a favor do impeachment dela. Gleisi só chegou ao Senado pelo empenho de Dilma.

Deve mais a Dilma que a Lula.

Finalizando, a pergunta que não cala: por que a grande mídia da Capital não noticiou com destaque esses eventos? Ricardo e Cássio, quando estavam no governo, encheram os bolsos de todos. Em troca, amargaram a assertiva: “Rei morto, Rei posto”.

Fonte: Da Redação (Por Júnior Gurgel)