Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

REVANCHISMO IDEOLÓGICO 

Publicado em 22 de dezembro de 2022

O ex-governador do Maranhão Flávio Dino (PSB, ex-PCdoB), indicado para ocupar a titularidade do Ministério da Justiça e Segurança Pública, convidou e anunciou publicamente o Delegado da Polícia Rodoviária Federal Edmar Camata como futuro Diretor Geral da Instituição. Teceu elogios e destacou sua eficiência como chefe de segurança da equipe que protegeu o candidato Lula da Silva, durante a campanha (2022).

Vinte e quatro horas depois, usando suas redes sociais, “desconvidou” de forma humilhante seu recomendado, revelando as irrefragáveis contradições históricas do PT, e sua nítida incoerência entre o discurso e a prática, método que sempre utilizou para confundir e iludir o desprevenido eleitor. Edmar teria feito postagens em 2016 apoiando a Operação Lava-Jato e concordando com a prisão de Lula. Onde está o erro? Os policiais são preparados para perseguirem, e não defenderem bandidos, ou os fora da lei.

Se a “conversão” do Delegado Edmar aos ideais petistas ocorreu pela proximidade e convivência quotidiana durante a campanha, foi fruto de suas escolhas optar por seu progresso pessoal, atitude comum para os que procuram realizar seus sonhos, e construir uma “gloriosa” carreira profissional. O fato de ter defendido a Lava-jato deveria ser enxergado sob outro viés – não ideológico – que o revela como bom policial. Cai por terra todo o discurso demagógico da “pacificação”. O prenúncio é de revanchismo, perseguição e vingança… Palavras de ordem no governo petista.

Flávio Dino, com o ato de expurgo, só veio atestar que o PT ainda se norteia pelo retrógrado “patrulhamento ideológico”, privilegiando a mediocridade, cuja principal essência é a idolatria, seguida de submissão incondicional e bajulação. Nada aprenderam ao longo da história, através de exemplos pretéritos e presentes, sobre campanhas e política partidária, distintas boas gestões aclamadas pela meritocracia.

Politicamente, Getúlio Vargas – ditador que por quinze anos governou com mão de ferro – tomou e se manteve no Poder através de dois golpes de Estado (1930 e 1937), ocasiões que morreram mais de três mil pessoas, prendeu, torturou e deportou. Pela lógica, jamais teria voltado à vida pública, e se elegeria pelo voto popular (1950) se não tivesse obtido o apoio de seu maior inimigo, cuja rivalidade ia além da política.

Matou dois coelhos com uma única “cajadada”, quando se união patrono do comunismo no Brasil, Luís Carlos Prestes. Ninguém imaginaria a presença no mesmo palanque de Getúlio, Prestes e Felinto Muller, que prendeu e deportou sua esposa Olga Benário para a Alemanha Nazista, morta num campo de concentração.

O apoio de Prestes afastou parte da Igreja. Por outro lado, trouxe o benefício de enterrar em definitivo o passado criminoso do Caudilho. Prestes, principal testemunha dos horrores da era Vargas, o inocentou. Com apoio da mídia, a ditadura foi esquecida. Exacerbando-se nos privilégios, dedicados a historiadores e “intelectuais”, hoje não há registros sobre o seu passado, e os anos de cárcere, vividos por Graciliano Ramos.

Jair Bolsonaro quando assumiu o comando do Brasil procurou unificar o país, ressuscitando o patriotismo como bem maior e patrimônio de um povo ou Nação. Nunca questionou o voto de seus principais Ministros de Estado nas eleições de 2018. Tarcísio de Freitas serviu aos governos petistas de Dilma e o emedebista Michel Temer. Rogério Marinho era do PSDB. Lideranças religiosas como o Bispo Edir Macedo, Silas Malafaia dentre muitos, foram petistas. Ciro Nogueira, Valdemar Costa Neto e inúmeros “Caciques” da velha política, tornaram-se seu aliado, por uma razão simples: Bolsonaro tinha um projeto de governo. O PT tem, e sempre teve, projeto de perpetuação no Poder.