Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Remédio de chikungunya na avosidade 

Publicado em 25 de julho de 2022

Parece que familiares e amigos nos incentivam mais a sermos avós do que a sermos pais e mães. Suponho isso porque minha entronização no Clube do Vovô, há dois meses, foi precedida de palavras atiçadoras à nossa expectativa em vivenciar essa fase da vida.

Bem diferente do tempo em que fomos pai e mãe, quando o discurso ouvido praticamente era um só: o trabalho que teríamos com o novo membro da família, além das despesas. Alguns até advertiam da possibilidade de um castigo. “Agora vocês pagam o que fizeram com seus genitores”.

Na nova realidade, quem soube que nosso primeiro neto estava a caminho não deixou de externar a maravilha que é exercer a paternidade e a maternidade duplas. Sem o esforço e a responsabilidade que a condição de pai ou mãe exige.

Uma dádiva imerecida, nos alerta Raquel de Queiroz, em texto descoberto na semana em que o nosso veio ao mundo, mas escrito em 64, “Netos são como heranças: você os ganha sem merecer. Sem ter feito nada para isso, de repente lhe caem do céu. É, como dizem os ingleses, um ato de Deus”.

Foram tantas as frases ouvidas, as palavras escutadas… apenas uma ouso revelar, pois deixou minha mulher de olhar esplendente e ainda mais ansiosa em vivenciar a avosidade. Não foi sem motivo que lhe contei que uma amiga adolescente, que não vejo há décadas, me dissera via WhatsApp: “ser avô ou avó é rejuvenescedor”.

Bem antes, ouvira sobre as consequências do nascimento dos netos no relacionamento dos avós como casal. Numa conversa de ônibus, um senhor informara ao outro que iria ser avô. “Agora você perde a mulher”, reagiu sem espanto e confirmou que, depois dos netos, a mulher esquecera dele. “Só tem olhos para os netos”, queixou-se.

Pragmático, ex-cliente, que chegara da Região Centro-Oeste do país e aqui formou uma nova família, me surpreendeu ao contar o motivo da separação, após quase 30 anos de casamento. Montara um armarinho para a mulher, depois vieram os netos. “Ela só queria cuidar da loja e dos netos. Sexo não tinha mais. Arrumei a mala e vim embora”.

O amigo Lopito foi um dos que nos encheram de palavras animadoras, irradiando sua felicidade pelo trio de netos que abençoa, ao saber que meu primeiro neto nascera. “É bom demais ser avô. Quando eles chegam aqui em casa, bagunçam tudo. Não estou nem aí”, disse.

Até mesmo quando lhe informei que a minha mulher contraíra chikungunya, animou. “Mas ela já tem o remédio, um santo remédio”. E começou a contar que a sua mulher também tivera, tomou boa quantidade de medicamento. “ Mas só um resolveu”, enfatizou.

Lopito elencou os sintomas que sua cara metade sentia, as consequências inutilizadoras causadas, sem me dizer o nome do remédio. “São os mesmos que a minha sente, cara”, disse-lhe, o tom impaciente exigindo a confirmação do nome. “Ele resolve, ele resolve”, insistiu.

O amigo continuou o relato dizendo que a generosa, como ele trata sua dama, amanhece o dia com as juntas das mãos inchadas, os pés rígidos, sem andar direito; sem disposição de realizar os serviços de casa. “Mas quando o remédio chega, fica curada. Faz de tudo, sem nada sentir”.

Ainda mais impaciente, pedi a Lopito que acabasse a ladainha e me falasse o nome do santo milagroso. “Quando o remédio chega, ela fica boa na hora”, repetiu, antes de confirmar o neto como o fármaco da consorte. No caso deles, o caçula. Sou forçado a concordar com o amigo.

ACREDITANDO EM MILAGRE 

O Campinense perdeu para o Altos por 1 a 0 e mais baixo ainda saiu de Teresina, resultado que o colocou na penúltima colocação da Série C, e só um milagre evita a queda. O técnico Flávio Araújo está consciente da situação e garante que a Raposa vai buscar esse milagre.

O time até jogou bem no tempo inicial, mas caiu de produção na etapa final, certamente em consequência da temperatura local. Foram três bolas na trave, mas quem não faz leva. O calor da cidade derreteu a sorte rubro-negra.

SEM ESTÁDIO 

O Paraíba Sport Clube, que já foi de Cajazeiras, que já foi de Itaporanga, agora é de Serra Branca. Mesmo adotando o nome da cidade do Cariri, o Serra Branca Esporte Clube vai disputar a Segunda Divisão do Certame 2022, mas mandará seus jogos em Campina Grande.

É, no mínimo, incoerência uma cidade sediar um clube que dispute o futebol profissional sem um estádio em condições de ter jogos e receber torcedores em grande número e com o mínimo de conforto.