

Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Relax na academia (III)
Publicado em 29 de maio de 2024Assim como em qualquer ambiente, as academias de ginástica têm suas inconveniências, suas contrariedades. Não há, porém, incômodo que supere a arejada que os exercícios físicos proporcionam à mente. O corpo pode sofrer as consequências de um treino mais puxado, mas a cabeça experimenta certa leveza, fica desestressada, inspirada, um bem-estar… É assim que me sinto, durante e após os treinos.
Essa inspiração já se reflete durante a prática, como na primeira vez em que treinei apolete (coice) e, descontraidamente, ouvindo as orientações do professor, comentei que “esse é o exercício mais fácil para o homem”. “Por quê? – perguntou com ar espantoso de curiosidade. “O homem é acostumado a dar coice”.
No treinamento de remada articulada pronada, brinquei com o especialista que me acompanhava no momento que não faria essa atividade. “Não adianta remar e articular ‘pro’ nada”, justifiquei. Numa mudança de programa de treinamento, o educador físico me sugeriu aumentar a carga. “Se aumentar a carga, o burro velho não aguenta”, disse.
A personal trainer costuma orientar sua aluna com bastante profissionalismo, admirável dedicação e atenção exclusiva, usando roupas compostas. Acabada a aula, troca o fardamento laboral pelo de praticante e vai fazer seu treinamento.
Num dia de intenso calor, após o trabalho exclusivo, vestiu uma bermuda bem apertada, tirou a blusa que costuma usar, ficando com um “top” minúsculo. “A professora se transformou em Anita”, disse, baixinho, ao colega de lado.
Alan é um dedicado aluno, concentrado nos treinos e carrega nos pesos, o que já lhe confere invejável definição muscular. Usa fone de ouvido, mas responde aos nossos acenos, o que me motivou a chegar perto dele e brincar: aquele do cinema é Alain Delon, você é Alan Malhadon.
Esperar que um companheiro desocupe o equipamento é um dos incômodos para quem faz musculação nas casas especializadas, nos horários de pico. Quase não tenho esse problema, pois, vivendo uma ociosidade mal remunerada, vou em horário de pouca frequência.
Acho estranho o uso de fone de ouvido por alguns malhadores, pois ficam isolados, nada escutam, mas dou-lhes razão pela trilha sonora que esses ambientes oferecem.
Dias desses, me arrumando para treinar, recebi um vídeo com Flávio José cantando um de seus sucessos na novela Rancho Fundo. Saí de casa leve e fagueiro; quando estava exercitando, um som na caixa agitou meus sensiveis ouvidos. Era um tal de Nattan. Ainda bem que o arraiá na academia que frequento já começou.
Não há, repito, incômodo que supere a arejada que os exercícios físicos proporcionam à mente. Nem mesmo a inconveniência de minha mulher quando termina os treinamentos antes de mim e fica me apressando para findar os meus. Na maior tranquilidade, peço-lhe que, se estiver com pressa, pegue a chave do carro e volte para casa. Só assim eu continuaria a atividade física fazendo uma mini caminhada.
Um dos colegas da academia criou o grupo Meliantes Acquacenter, reunindo malhadores que costumam ir frequentemente no mesmo horário. Fui convidado a participar e aceitei. O danado é que, pelo excesso de infrações cometidas ou incômodos que lhes proporciono, estou perto de receber cartão vermelho do administrador.