Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Quem sabe setenta vezes sete

Publicado em 18 de março de 2023

Há quem o chame de “maivado”, o que garante ser invenção da turma da capital; convenhamos, título que só teria validade se a Assembleia Legislativa aprovasse. A malvadeza que lhe atribuem está nas tintas, quando instigado, quando lhe pisa os calos. Missão de quem tem coragem e talento, e como “nada substitui o talento…”

Esse “maivado” demorei a conhecer, em que pese os laços de agregação que o unia à família de minha mãe, assim como tarde foi meu ingresso no jornalismo. Mas como nunca é tarde para ser feliz, tive a felicidade de conhecer Marcos Marinho na redação do Diário da Borborema, quando, esporadicamente, chegava para escrever o editorial ou entregar as laudas com o conteúdo pronto.

Debaixo das axilas ou numa das mãos, carregava a bolsa capanga certamente vazia de cédulas, mas a cabeça cheia de ideias para expressar aos leitores o posicionamento do jornal. Nessas ocasiões, muito pouco nos falávamos.

Lembro com certo remorso da vez em que eu tinha que fechar a página, o horário se aproximando, sem uma linha sequer escrita, e Marcos na Remington que eu usava; as outras máquinas todas ocupadas. 

Na agonia do avanço da hora, tomei impulso e lhe perguntei se estava perto de terminar o texto. Ele olhou pra mim querendo abrir um sorriso cativante, tirou o papel da máquina, levantou da cadeira apossando-se de sua capanga e foi embora. Ainda hoje me penitencio dessa ousadia. 

Tempos depois, diversificando a linha editorial do semanário que fundara com Mica, me formula um convite para fazer a página de esportes. Na mesma semana o já consagrado A Palavra chegava às bancas com uma coluna sob o alônimo de Valmar Lomeida. 

O homem não é vassalo, mas adora uma Rainha. Deve ter ficado com “água na boca” quando lhe enviei, dias desses, uma mensagem confirmando, constrangido, estar na terra da Serra Limpa tomando Rainha. Pediu para eu ir devagar, conselho de quem tem 45 anos de experiência no “reino”. 

Sou muito grato a Marcos pelas três vezes que demonstrou confiar no meu ofício, incluindo este espaço, me resgatando para o meio, 18 anos depois. E ainda, na agonia do luto filial, tem sido o amigo que “escuta” meu gemido de dor, devolvendo mensagens consoladoras. 

Mas o que mais admiro nesse Marinho é o PAI que ele é, e que continuará sendo, pois também pai duas vezes. Um superpai! Esse superpai chega aos 70 anos e daqui envio minhas saudações de paz, saúde e longevidade. 

Não lhe desejo o dobro de longevidade, mas sim, como no versículo de Mateus, setenta vezes sete. Não duvide, esse cara tem fôlego de sete gatos.