Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Quando Deus envia anjos

Publicado em 18 de junho de 2024

Já na adolescência, em meio à conversão radical de meu pai e a fé paciente de minha mãe, percebi que Deus age enviando anjos nos momentos mais difíceis de nossas vidas. Primogênito de uma prole imensa, testemunhei a agonia deles com a gravidade da doença que acometera o caçula recém-nascido, internado entre a vida e a morte em hospital de terra estranha, sem ninguém da família por perto para ajudar.

Há cerca de dois, três anos havíamos chegado em Patos, onde minha mãe deu à luz o 12º filho – daria mais outro, um ano depois. De repente, o novo membro da família adoeceu; levado para o hospital, ficou agonizando sem que os médicos descobrissem a enfermidade, levando meus pais, que já perderam dois, quase ao desespero.

Em Campina Grande, sem que nenhum dos nossos parentes soubessem de nada, o tio Clóvis resolve nos fazer uma visita. Conhecer, junto com a mulher e mais outros parentes, o mais novo integrante da família. À época, o carro do irmão de minha mãe era um Fusca amarelo; para viajar, tomou emprestado a Brasília de um amigo, também amarela.

Nessa troca temporária de veículos, Deus já começou a agir. No posto da Polícia Rodoviária Federal de São Mamede, parado, houve a abordagem rotineira, documentação do carro e do motorista conferidos. Por uma dessas distrações humanas, o documento apresentado foi o do Fusca e o policial não observou, liberando a continuidade da viagem.

A chegada dos parentes em nossa casa, sem que mãe e papai estivessem, pegara todos nós de surpresa, naquela tarde de aflição. Informado da internação do sobrinho caçula, Clóvis rumou ao hospital, retornando imediatamente ao nosso lar, com o menino e a genitora, após liberação médica.

Em minutos, minha mãe arrumou a bagagem e o carro voltou a toda velocidade para Campina Grande, onde a criança foi atendida com urgência pelo Dr. Virgílio Brasileiro e permaneceu cerca de 30 dias em tratamento, saindo sã e salvo. Sem que meu pai e minha gastassem um centavo.

Ainda na adolescência, Joab, o valente menino que driblou as estatísticas de mortalidade infantil da época, iniciou a labuta comercial na loja do tio, constituindo-se num de seus principais auxiliares. Até que Deus o chamou, na prematuridade de seus 28 anos.