Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

QUAL O DESTINO DAS PESQUISAS ELEITORAIS?

Publicado em 28 de outubro de 2024

Cientistas políticos dos Estados Unidos – numa visão diferente e bem à frente dos nossos tupiniquins – consideram ultrapassados os atuais métodos de sondagens, aplicados para apontar “quantitativamente” a preferência da maioria do eleitorado.

A partir do momento que os erros começaram a superar os acertos, sobre o resultado final dos últimos pleitos (eleições presidenciais), temendo falhas, elevam o número de indecisos, e na reta final preferem sugerir “empate técnico”, dentro da margem tolerável, garantindo 95% de credibilidade do trabalho.

Em Campina Grande – PB, eleições de ontem 27/10/2024, o professor Pedro Cezar (6 Sigma) que pesquisava para o núcleo da campanha de Bruno Cunha Lima, acertou o resultado, dentro da margem de erro, e os 95% de confiança. Na sexta-feira (25/10/2024) procuramos confirmar se os dados 61% Bruno, 39% Jhonny estavam corretos. Respondeu sim. O que de fato se consumou. Bruno recuou de 61% (arredondando) para 58%. Jhony subiu de 39% para 42%. Sua metodologia é diferenciada, com cálculos, estimativas e projeções inseridos em quadros comparativos, deixando-o um passo à frente da concorrência.

A desconfiança nas pesquisas é um fenômeno que vem acontecendo em todo o planeta. Poucos são os Institutos que “milagrosamente” acertam os resultados previstos em suas projeções estatísticas. Na Europa, os desacertos têm sido gritantes. Partidos que dormem eleitos acordam derrotados, com resultados estapafúrdios revelados pelas urnas, onde o voto é simultaneamente usado pelo processo eletrônico e confirmado no papel, auditáveis e obrigatoriamente recontados – em caso de dúvidas – quando a diferença é mínima. Na maioria dos países da zona do Euro, foi proibido a divulgação de pesquisas nos 15 dias que antecedem as eleições.

No início dos anos 60 a divulgação de pesquisas eram “furos” do jornalismo, que as encomendavam para antecipar através de projeções o resultado da eleição. Um trabalho duro e sério, realizado presencialmente por equipes de campo. Os partidos começaram a usá-las como peça de propaganda, para mudar a opinião do eleitor e levar às urnas os indecisos. Quem despontava à frente, desanimava o votante da oposição. Prevalecia a “Lei de Gerson”: levar vantagem em tudo, votando naquele que venceria.

Grupos independentes das grandes universidades dos Estados Unidos se debruçaram sobre o problema – a partir da confusa disputa de 2008 – e começaram a investigar suas origens. Esbarraram na internet, hoje usada em larga escala nas pesquisas. Nas eleições de 2008, o democrata Barack Obama derrotou o Republicano, herói de guerra, John McCain. O país na época tinha 67% de sua população branca. O racismo (cor da pele) ainda era muito forte. Como um afrodescendente conseguiu vencer um norte-americano branco genuíno, despido de radicalismos, querido e respeitado por todos, defensor de programas sociais? A população hispânica, somada aos negros, representava apenas 17% do eleitorado.

Foi a partir de 2008 que apenas seis eleitores, em cada dez ligações realizadas pelos pesquisadores, respondiam o questionário. O número foi se reduzindo. Hoje, de cada dez ligações, ou visitas presenciais, apenas dois respondem. Se a meta for ouvir 2 mil pessoas, são realizadas 10 mil ligações ou visitas. O que pensam, e como irão votar os demais 8 mil? A alternativa foi usar o marketing, para induzir o “efeito manada”. O “Guru” Antônio Lavareda, e seu extinto IBOPE – a partir de 2010 – perderam totalmente a credibilidade. Seus prognósticos tropeçaram feio. O eleitor passou a considerar ser mais fácil acertar na mega-sena, que apostar nos resultados do IBOPE.

Lavareda tornou-se um consultor, analista histórico, observador de novas tendências e desistiu de sua “bola de cristal”. Ontem, na CNN analisando a derrota de Guilherme Boulos, não soube explicar o motivo do “Psolista” perder em todas as zonas eleitorais que havia vencido no primeiro turno, inclusive no seu bairro.