Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

QUAEST REGISTRA DESESPERANÇA DOS BRASILEIROS

Publicado em 2 de outubro de 2023

O CEO da Quaest Pesquisa e Consultoria, Felipe Nunes, PhD em Ciência Política, Mestre em Estatística pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), abrolhado nas eleições de 2022 de forma “festiva” pelo consórcio midiático integrado pelo jornalismo tradicional/profissional – em militância – esteve ontem (domingo 01/10/2023) no programa WW Especial com William Waack (CNN Brasil).

Convidado de honra, para expor e comentar dados de uma ampla amostragem realizada durante a semana (25/30/09/2023) em todo o País, investigando o comportamento da sociedade na tentativa de interpretar “leitura” sobre o que pensa o brasileiro e suas expectativas, após decorridos dez meses de um novo governo, o resultado foi chocante, e deixou transtornado não só o âncora mediador do debate, mas principalmente os cientistas políticos convidados, José Álvaro Moisés, Elizabeth Balbachevsky e o próprio Felipe Nunes – olhos esbugalhados – externando instintivamente “inconformismo” com o material colhido em campo, por ele avaliado.

Cabisbaixo, procurando minimizar os efeitos devastadores de uma realidade ignorada por ele e sua “turma”, que se consideram onipotentes em suas opiniões, William Waack mudou seu semblante quando Felipe Nunes divulgou os primeiros índices de sua pesquisa: 41% dos entrevistados pretendem e estão à procura de deixar o Brasil. Waack deve ter percebido que o nosso povo tem a mesma desesperança – sufocada pela impotência – ora vivida pelos Venezuelanos, Cubanos, Nicaraguenses e Coreanos do Norte. Para onde ir? Como se reinventar num mercado de trabalho distinto do nosso? A dificuldade de adaptar-se a uma nova Cultura, comportamento social, sem raízes? Somos Judeus Alemães fugindo do Nazismo?

A segunda intervenção de Felipe Nunes, comentando sobre a nossa democracia representativa, revelou a derrocada das instituições construídas pela “mídia” tradicional e seu fraudulento papel doutrinador – até “sicário” – a serviço do trilionário mundo “globalista progressista”. Percentual alarmante de 90%, não se sentem legitimamente representados por partidos políticos. Se não fosse a dinheirama despejada pelo PT, hoje ele estaria no mesmo patamar do PSOL, PCdoB, PV ou REDE.

Constrangido, William Waack transferia para seus convidados a tarefa de justificar o surgimento de eventos catastróficos e imprevisíveis. Entraram no “oito”. Iam e voltavam, mas não encontraram outra resposta senão o velho chavão de culpar o “Bolsonarismo” e extrema direita (?), clichês ou estereótipos, criados por eles mesmos, para estigmatizar todos que abominavam suas imposições ideológicas.

Felipe Nunes foi contido, para não mostrar os números que revelam descréditos da população em relação ao STF e mídia profissional/tradicional. Evitou o vexame. Mas, nas entrelinhas, seus cientistas políticos convidados deixaram escapar que não alcançam dois dígitos. Fracasso retumbante.

Cômico, se não fosse trágico, os “cientistas políticos” e o próprio Felipe Nunes na procura de “culpados” esbarraram no PT (?). Pretexto abominável para estupradores da “verdade” justificarem seus crimes, inspirados no mesquinho propósito de simplesmente tomarem o poder a qualquer custo. Na opinião unânime dos integrantes da mesa, a salvação está em Fernando Haddad (?), um novo “Chicago Boy” que orgulharia Milton Friedman, mais vocacionado ao neoliberalismo que o ex-ministro Paulo Guedes. Os cientistas políticos concluíram que o PT atrapalha o governo.

Na busca de salvar sua empresa, Felipe Nunes errou até matematicamente, ao afirmar que o país está dividido. “Sul, Sudeste, Centro-oeste estão “azul”. Nordeste “vermelho Lula”. E o Norte? Como o País pode estar dividido se a população do Sul, Sudeste e Centro-Oeste supera a do Nordeste? Ao culpar o radicalismo criado por eles mesmos, o “nós contra eles”, os efeitos constatados na amostragem são desastrosos, atingindo até o mundo empresarial. A empresa que financiou e fez campanha pró Lula, por mais atraente que sejam suas promoções, é execrada pelo consumidor “antipetista”. Perderam milhões, pelo boicote dos conservadores.

Infelizmente esta pesquisa não foi realizada pelo paraibano professor Pedro Cézar, em nossa opinião um gênio na área. Previu a eleição de Bolsonaro em 2018, quando ninguém acreditava. Um grande estatístico vítima do “regionalismo”.

Saudoso autor (Baiano) José Wilker, em entrevista sobre sua trajetória no mundo da interpretação, indagaram qual o papel mais difícil que ele havia representado. “O de ser carioca quando cheguei ao Rio. Como nordestino, jamais teria um papel na Globo, senão o de figurante”.

O próprio Jesus Cristo se manifestou sobre este tipo de discriminação. Toda a população aguardava na Sinagoga a chegada do novo Messias. Ao perceberem que era o filho de Maria e José, o ambiente esvaziou-se. Olhando para os poucos que ficaram, Jesus exclamou: “como é difícil ser profeta em sua própria terra”.