Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

POSTURA DE VENEZIANO INVIABILIZA SUA REELEIÇÃO

Publicado em 6 de março de 2025

Em entrevista concedida ao jornalista Luís Torres (24/02/2025) o senador Veneziano Vital do Rêgo revelou nas entrelinhas – sem que se apercebesse – o grau de dificuldades que enfrentará, para concretizar sua candidatura à reeleição, tornando-a robusta e competitiva em 2026. Defendeu uma frente ampla de oposição ao governador João Azevedo, entretanto, paradoxalmente, confirmou seu inarredável apoio à reeleição do presidente Lula. Neste mesmo palanque estará o governador e Aguinaldo Ribeiro.

João, Veneziano e Aguinaldo expulsarão do palanque Cícero Lucena e Bruno Cunha Lima, prefeitos dos dois maiores colégios eleitorais do Estado. E onde ficará o Republicanos? Partido que mais crescerá em 2025/2026? Quem viabilizou a eleição de Hugo Motta para a presidência da Câmara dos Deputados foi o ex-vice da Casa, Marcos Pereira, comandante nacional da legenda. Motta não o trairá. Na Paraíba, disputará o Senado ou o governo. Não arriscará uma reeleição à presidência da Câmara, sabendo que a renovação será no mínimo de 40%. O PL assumirá o comando em 2026.

Quanto a Daniella Ribeiro, foi catapultada para a primeira secretaria do Senado Federal por indicação e empenho de Gilberto Kassab, prestes a desembarcar do governo e engrossar as fileiras antipetistas. Já está em plena campanha, apoiando Tarcísio de Freitas para presidente, e impondo seu nome como vice. Daniella estará ao seu lado em 2026. Não recuará da sua reeleição, mesmo seu filho estando no governo.

Apesar do apoio irrestrito (até o momento) do clã Cunha Lima a Veneziano, sua grande dificuldade será encontrar um “engenheiro” capaz de montar este palanque e construir uma ponte sobre um extenso fosso ideológico. Poderia ter tergiversado sobre questionamento do jornalista, justificando sua disciplina às decisões da legenda (MDB), partido de centro. Na ocasião, não era necessário exibir sua predileção por Lula – mesmo como gesto de gratidão – por ter sido apoiado por ele em 2022, quando disputou o governo do Estado.

Por que só na Paraíba – exceto a direita conservadora – todos querem o apoio de Lula? O PT vive seus piores momentos, desde sua fundação. Enfrenta o desconforto de não dispor em seus quadros nomes para disputar as eleições para o governo dos Estados do Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Norte, e só no Nordeste tem esperanças no Ceará, Piauí e Bahia. No Norte (Pará) é representado pelo MDB. No restante do Nordeste, em Pernambuco o cabeça de chapa será do PSB. Em Alagoas, MDB. No vizinho Rio Grande do Norte, Walter Alves, vice da atual governadora do PT, é a terceira geração de uma oligarquia que fundou o MDB histórico.

A inoportuna entrevista do Senador Veneziano Vital do Rêgo deixou os Cunha Lima acuados. Pedro não tem bases, Cássio está fora do jogo e Bruno mostra a mais completa inapetência pela disputa estadual. Está se configurando como uma liderança local, dentro dos limítrofes do município. Inversamente, Cícero Lucena mostra o crescimento de João Pessoa – enxergado no Estado e por todo o país – se credenciando como alternativa para formar uma chapa majoritária, desde que não seja petista.

Num comparativo histórico, Cícero (e não Bruno) faz no momento o que fez Cássio em 2001, com o dinheiro da venda da CELB. Campina Grande tornou-se o maior canteiro de obras do Estado, lhes credenciando a disputar o governo em 2002. Murmúrios de alguns abnegados da causa “reeleição de Bruno” começam a considerar o feito como uma vitória de Pirro. Esquecido pelas lideranças estaduais, Bruno não é procurado, ouvido, não opina, e nem é visto como liderança alternativa das oposições.