Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

PESQUISAS SÃO DIAGNÓSTICOS

Publicado em 22 de março de 2024

Mais de cinco sondagens realizadas nos últimos quatro meses – por diversos institutos de pesquisas – indicam desânimo no eleitorado campinense em reconduzir o prefeito Bruno Cunha Lima para continuar à frente dos destinos da cidade. Fazendo uma analogia ao corpo humano, o paciente (Bruno) apresenta um quadro febril e sinal de alerta orgânico, que exige a realização de uma bateria de exames para constatar se é vírus, ou bactéria, que está afetando seu sistema imunológico.

Nos últimos quinze dias resolvemos encarar a “prazerosa preguiça”, e começamos a andar aleatoriamente – ao nosso modo – pela cidade para constatar o que de fato estava ocorrendo. Procuramos ouvir o cidadão comum, investigando como ele enxerga as eleições de outubro próximo. Pequenas mercearias, panificadoras, mototaxistas, motoristas do Uber, garçons, filas de lotéricas, bancos…

A pergunta não era direta. Puxando conversa sobre acontecimentos do cotidiano, custo de vida, violência, drogas, política nacional… Até chegarmos ao que nos interessava: o prefeito estava realizando uma boa gestão? Cerca de 70% concordaram que sim. Ruas limpas, iluminadas, postos de saúde com médicos e medicamentos, um show na Educação… A queixa é da “indústria” de multas da STTP.

Entretanto, quando indagávamos sobre as possibilidades de sua reeleição, muitos afirmaram despretensiosamente que votariam nele (Bruno), mesmo sabendo que iria perder (?). Em alguns momentos, nos alongamos e questionamos o motivo: se Bruno está sendo um bom prefeito, por que o povo não quer mais votar nele? Respondiam que não sabiam o motivo. Mas, era o que ouviam em todos os recantos da cidade. A última pergunta – feita a personagens que pertencem a um público mais seleto – advogados, médicos, grandes comerciantes, corretores de imóveis… Qual o defeito de Bruno? Você conhece, ou já esteve com ele? Responderam prontamente: “não”. E concluíam: ele é muito arrogante e prepotente. Absurdo! Se for, não aparenta.

A figura do “arrogante” é inconfundível. Se expressa a partir da fotografia. E não é o que percebemos em Bruno. Porém, este estigma que lhes estão impingindo pode resultar em efeitos danosos a sua imagem. Como consertá-lo? A partir de sua agenda. O eleitor formador de opinião sente-se honrado em ser visitado, recebido, lembrado pelo Prefeito. Fenômeno intrinsecamente ligado à vaidade humana. Valorizá-los, para sentirem-se indispensáveis na campanha e na vitória. A guerra é vencida por soldados.

Bruno não se faz presente, e tem dificuldades em interagir com CDL, Associação Comercial, FIEP, entidades filantrópicas, Igrejas, clubes de futebol de pelada, associações de bairros…Ali se encontram os grandes formadores de opinião. Seu atual opositor, Romero Rodrigues, que “sai do banquete com a cara de fome”, percebeu isto em 2019. Puxado como bode para atravessar água, num esforço hercúleo enveredou por estes caminhos. Reduziu drasticamente sua rejeição, enfrentando adventos altamente comprometedores, como o escândalo da “Operação Famintos”, dentre outros.

Sou campinense por adoção. Origem potiguar. Já estive prefeito de minha terra natal, exercitei o jornalismo de batente em Campina Grande, João Pessoa, Brasília, Rio de Janeiro… Nunca deixei de morar em Campina Grande. Infelizmente, não conheço o prefeito Bruno Cunha Lima. O vi criança, na casa de seu avô Ivandro, um grande amigo. Não só ele, Aluízio – que Bruno não conheceu – Roberto, Ronaldo e o insuperável Arthur Cunha Lima. Hoje, como um dos decanos da mídia na cidade, estando logo atrás do companheiro Marcos Marinho, tenho também procurado saber da “velha guarda”, se Bruno conversa com eles. “Não”. É de difícil acesso (?). O político é um produto que, para ser vendido, deve estar permanentemente exposto na vitrine. Diferente de bancos, que não têm mostruários. O que vendem são guardados em cofres.