Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

PESQUISAS FRAUDULENTAS

Publicado em 10 de agosto de 2024

O portal de notícias ‘Política da Paraíba’ publicou ontem (09/08/2024) pesquisa de intenção de votos em Campina Grande, realizada pelo Instituto Data Ranking, com registro no TRE. Bruno Cunha Lima com 34,05%; Jhonny Bezerra, 13,24%; Inácio Falcão 12,7%; Artur Bolinha 4,9%; André Ribeiro 1,57%; Rosália Lucas (que não é candidata) 0,59%.

Longe de questionarmos os números dos candidatos. Mas, pelo que foi postado como notícia, os erros são gritantes. Não aparece o número de votos “nulos” e “brancos” (?). Apontam um índice de “não souberam”, ou “não responderam”, de 10,84%. A opção por “nenhum deles” alcança o estratosférico percentual de 22,35%. Um absurdo sem precedentes. Acreditar que 33,19%, ou 1/3 da população da cidade mais politizada do Estado ainda ‘não sabe’, ‘não tem preferência’, ou ‘não responderam em quem vota’? Universo de 782 eleitores entrevistados, apenas 66% se manifestaram?

Blogueiros, portais de notícias, mídia tradicional, todos os horários das emissoras de rádio, locais e da capital, durante os últimos dez meses se dedicaram a noticiar a disputa entre Romero Rodrigues e Bruno Cunha Lima. Em dezembro último (2023) entrou em cena o então secretário da saúde Jhonny Bezerra. Nas oportunidades que tinham, Inácio Falcão e André Ribeiro divulgavam suas pré-candidaturas. Final de março (2024) foi a vez de Rosália Lucas renunciar a pasta do turismo para ser candidata.

Nas redes sociais, a campanha já está rolando há mais de um ano. E esta pesquisa do Data Ranking mostrar um cenário completamente distinto da realidade? Vão repetir as velhas práticas de “desinformar”, geralmente usadas para beneficiar alguém?

O debate sobre proibição, punição e penalização dos Institutos de Pesquisas, usados como instrumento para ludibriar o eleitor – na tentativa de direcionar seu voto – atingiu a exaustão, sem que o TSE, TRE ou o Congresso Nacional legisle especificamente sobre o tema. Por que não aplicar multas nas amostragens que erram ou erraram? Extinguir empresas reincidentes, punir seus proprietários por este tipo de estelionato?

A cada eleição, aumentam os “erros” (propositais) destes institutos. Como inibir este tipo de ação “tóxica”? Infelizmente, nunca enxergaram o ato como crime eleitoral. Uma pesquisa falsa – se houvesse justiça séria – seus autores, a partir dos contratantes, seriam punidos por perpetrarem um dos piores crimes contra o sistema eleitoral. É um estupro de consciência coletiva, praticado impunimente contra a indefesa população, usando-a como “massa de manobra”.

Alguém deve recordar o Jornal Nacional de 2010, na quinta-feira que antecedeu o domingo das eleições para o Governo do Estado. William Bonner foi enfático: “na Paraíba, segundo o IBOPE, não haverá segundo turno, José Maranhão vence Ricardo Coutinho com 22,5% de maioria”. Faltaram algo em torno de 5 mil votos para Ricardo ter derrotado Maranhão no primeiro turno. Se não fosse o IBOPE, provavelmente o velho Cacique do MDB teria sido nocauteado no primeiro round. O intrigante é o IBOPE, e afiliada que divulgou, nunca ter revelado o mistério de uma mudança tão alarmante em 72 horas, sem nenhum fato novo que justificasse o resultado do pleito.