Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
Pecado da gula
Publicado em 23 de novembro de 2023Perdão, minha filha nutri; perdão, amigo Marcial! Perdão, meu Senhor e meu Deus! Mas acho que hoje, 20 de novembro de 2023, pratiquei o pecado da gula. Logo eu, um exemplo familiar de controle alimentar, que limito ou rejeito (palavra forte) tantas artes culinárias das manas, essas porcelanas de sabores.
A culpa, minha filha e minhas irmãs, não é de vocês, mas desse hoje cidadão alagoano, o sempre brincalhão Marcial, a quem não via há 48 anos. O nosso reencontro ansiado foi tão rápido, que não deu nem tempo de um brinde, pois durou apenas 1 hora e meia.
A disciplina do bafômetro – ele seguiria viagem até Esperança, onde o esperava outro de nossa turma estudantil, Marcos Dias Novo, e de lá retomaria a BR com destino a João Pessoa, onde um filho publicitário já se encontrava, além de prováveis encontros com gente da turma – nos causou essa desídia etílica. Também Margarida, meu apoio nos momentos ébrios na direção automotiva, tinha compromissos com os netinhos.
Previdente e sabendo do meu palato etílico, Marcial me trouxe de presente um kit de bebida artesanal, produzida a partir de cachaça alagoana. Três garrafinhas de uma bebida que se assemelha a licor, além de um copo personalizado típico de cachaça, ampliando a minha coleção.
No sábado, dois dias após o reencontro, resolvi degustar o destilado. Ao natural, como veio, enviando-lhe a foto; ao ver a imagem, Marcial me aconselhou a tomar gelado. Neste dia 20, comendo um delicioso feijão verde com sobrecoxa de frango assada no air fryer, segui a dica amiga.
Até aí, nada que justificasse meu pedido de perdão. O remorso veio depois de almoçar, após me deliciar com umas doses da bebida presenteada – uma cachaça com sabor de fruta de palma, teor alcoólico de apenas 10%, e desmontar o air fryer para lavar. Quando vi a graxa natural do frango, lembrei-me do pão com graxa que comia nos tempos de feirante e não resisti!
Como tinha pão em casa, produto que só compro no sábado e não foi consumido no final de semana, passei um, e mais outro, na graxa, e os comi. Claro que com mais uma dose para cada pão, pequenininhos que eram. Acho que mereço esse perdão, pois a gula foi consequência das comemorações solitárias de um reencontro amigo quase 50 anos depois.