

Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
PARTE II – O NOVO MUNDO DOS ALGORITMOS
Publicado em 22 de janeiro de 2025As redes sociais ressuscitaram no século XXI a exitosa experiência da “Ágora” (Praça), surgida no século VI a.c., na antiga Grécia. Um ponto de encontro da cidadania, local para onde todos convergiam, na busca do amplo debate. Tinham a liberdade de opinar, discutir, expor suas ideias, aprimorar e enriquecer conhecimentos. Dezenas de filósofos e grandes pensadores foram frutos desta época e se imortalizaram na história. A “Ágora” não foi criada como um centro de agitações políticas. Entretanto, a partir dela brotou a Democracia. Passaram-se milênios e a democracia permanece como um dos regimes políticos mais justos: governo do povo, pelo povo, para o povo.
Na posse do presidente Donald Trump se fizeram presentes os seis gigantes donos das Big Tech. Este espaço antes era ocupado pelos Capitães das grandes corporações industriais: Siderurgia (aço), Petróleo, Complexo Industrial Militar e renomados Banqueiros. O patrimônio dos seis maiores proprietários das Big Tech, além do bilionário Elon Musk, representa o PIB do Brasil e da Rússia. Juntaram-se a Donald Trump para multiplicarem suas fortunas, continuarem crescendo e inaugurando a nova era do ouro para os Estados Unidos, anunciada no discurso do presidente empossado.
O grau de conhecimento alcançado pela população, usando apenas um telefone (Smartphone) encurtou em duas décadas, um tempo, que pelos métodos tradicionais e analógicos, levaria séculos ou milênios. Analfabetos começaram a usar o Google com perguntas (voz) e ele responde, lhes transmitindo conhecimentos. Medicina, personalidades, engenharia, história, geografia, ciências, religiões… A IA (Inteligência Artificial) faz uma correspondência para quem não sabe escrever. Um TCC para formandos, um artigo científico ou opinativo; orienta e redireciona até comportamento profissional. Aparece uma nova sociedade, que se tornará rica em conhecimentos. A quem interessa censurá-la e controlar? Os privilegiados trapaceiros que insistem em considerar o povo como “massa de manobra”, ao alcance de suas algibeiras.
As redes sociais não foram criadas sob o prisma do que elas se transformariam. O físico alemão Otto Hahn (1938) descobriu a fissão nuclear do Urânio. Ao lado de Fritz Strassmann, conseguiram cindir um núcleo de Urânio. A ideia era produzir energia nuclear. Jamais pensaram que a descoberta levaria a uma bomba de exterminação de massas, capaz de destruir o planeta. O pecado de Albert Einstein foi sua carta enviada ao presidente Franklin D. Roosevelt, alertando que esta descoberta poderia se transformar numa arma mortal. Roosevelt criou o projeto Mahatma e a bomba.
Todos conhecem a história como Mark Zuckerberg e o brasileiro Eduardo Saverin criaram o Facebook. Uma ferramenta para interagir dentro de uma Universidade. Mas, a ideia logo saiu dos muros da instituição de ensino e conquistou rapidamente todo o mundo, transformando o aplicativo numa nova “Ágora”. Religião, sexo, glamour, história, costumes, política, culinária, autoestima, aventureiros, golpistas, pensadores, filósofos, sociólogos… Todos hoje estão no Facebook e em outros aplicativos da gigante META, com 3,0 bilhões de usuários, mesmo sendo proibida na China, com seus 1,4 bilhões de habitantes.
Conversando em 2004 com o amigo David Gomes Araújo, campinense domiciliado em Brasília – gênio curioso da informática – perguntei quando a internet entraria na TV. Ele riu, e no seu estilo didático futurista respondeu-nos: “a pergunta é quando o Rádio, os jornais e a TV entrarão na internet”. Todos já pertencem ao passado.
A jornalista Thais Herédia (CNN Brasil) revelou dados estonteantes sobre o poder das Big Tech. Estima-se que os gastos com publicidade (Rádio, Jornal, TV, Revistas) em todo o mundo, é algo em torno de 3,0 trilhões de dólares. Em 2023, as Big Tech abocanharam 70% deste faturamento. Fica visível o fim da mídia tradicional.
Na próxima postagem, parte III, final.