

Emir Gurjão
Pós graduado em Engenharia Nuclear; ex-professor da Universidade Federal de Campina Grande; Secretário de Ciências, Tecnologia e inovação de Campina Grande; ex-secretário adjunto da Representação do Governo da Paraíba, em Campina Grande; ex-conselheiro de Educação do Estado da Paraíba.
Paris a Realidade e Paris por Palmari de Lucena
Publicado em 14 de abril de 2025Eu acompanho atentamente alguns textos de vários autores e entre esses o do escritor Palmari de Lucena, que ontem hoje 13 de abril de 2025 publicou PENSAMENTO PLURAL Paris: onde a tentação se revela a cada esquina.
O escritor Palmari de Lucena expõe uma visão claramente de um contraste entre a realidade e a condição das pessoas comuns em Paris, ou seja, com a realidade. Ele se descreve como alguém que caminha pela cidade observando uma Paris diferente da habitual, cuja realidade hoje apresenta: uma cidade marcada por pedintes que solicitam moedas, vendedores ambulantes tentando sobreviver, batedores de carteira à espreita, indivíduos dormindo ao relento e famílias de imigrantes que improvisam abrigos precários em meio à miséria, sem mais mostrar atmosfera de locais onde os intelectuais e pensadores são onipresentes, e sim uma atmosfera mais Mulçumana, mais repleta de imigrantes.
Palmari de Lucena apresenta um retrato profundamente contrastante da Paris atual, expondo com clareza a dissonância entre uma vida sofisticada e o cotidiano das pessoas comuns da cidade.
Em contraponto a essa descrição crua e difícil, Palmari admite implicitamente o conforto e privilégio pessoal. Ele descreve como um bon vivant, desfrutando plenamente dos cafés charmosos, restaurantes sofisticados e das variadas comodidades parisienses. É nesta admissão indireta que o contraste ganha contornos mais nítidos, destacando-se o profundo abismo entre a opulência e a realidade das pessoas que descreve.
Essa contradição fica ainda mais evidente ao observar o posicionamento habitual de Palmari em suas colunas, onde frequentemente se apresenta como um socialista comprometido com os mais oprimidos. No entanto, paradoxalmente, a sofisticação e o prazer com que descreve experiências como degustar queijos curados e patês artesanais na luxuosa La Grande Epicerie de Paris ou jantar no histórico restaurante Le Procope, frequentado por figuras como Voltaire e Napoleão, contrasta diretamente com as dificuldades enfrentadas pelas pessoas simples nas ruas da cidade.
Palmari relata suas experiências como se estivesse em um universo paralelo, onde a preocupação é decidir entre gastronomia refinada, mergulhos culturais ou prazeres inesperados da vida parisiense, ignorando, na prática cotidiana, a realidade dura daqueles que diz defender ideologicamente.
Assim, o autor constrói, possivelmente de forma involuntária, uma figura profundamente contraditória e intrigante, evidenciando a coexistência da sofisticação e do prazer pessoal com a consciência da pobreza e do sofrimento alheio, o que inevitavelmente provoca reflexão, ironia e até mesmo incômodo em seus leitores mais atentos.
Escrito por Emir candeia Gurjão as 09:39 horas do dia13 de Abril de 2025, segundo o Google foi no dia 13 de Abril que ocorreu a revolução francesa.