Paraíba precisa qualificar 97 mil trabalhadores em ocupações industriais até 2025

Publicado em 27 de maio de 2022

Até 2025, a Paraíba precisará qualificar 97 mil pessoas em ocupações industriais, sendo 22,3 mil em formação inicial – para repor inativos e preencher novas vagas – e 74,8 mil em formação continuada, para trabalhadores que devem se atualizar.

Isso significa que, da necessidade de formação nos próximos quatro anos, 77% serão em aperfeiçoamento. As ocupações industriais são aquelas que requerem conhecimentos tipicamente relacionados à produção industrial, mas estão presentes também em outros setores da economia.

O mercado de trabalho passa por uma transformação, ocasionada principalmente pelo uso de novas tecnologias e mudanças na cadeia produtiva; e, cada vez mais, o Brasil precisará investir em aperfeiçoamento e requalificação para que os profissionais estejam atualizados.

Em todo o país, a demanda é de 9,6 milhões de trabalhadores qualificados. Os dados e a avaliação são do Mapa do Trabalho Industrial 2022-2025, estudo realizado pelo Observatório Nacional da Indústria para identificar demandas futuras por mão de obra e orientar a formação profissional de base industrial no país.

A demanda por formação no estado por nível de qualificação será de:

Nível de qualificação Demanda
Qualificação (menos de 200 horas) 54.017
Qualificação (mais de 200 horas) 22.920
Técnico 14.663
Superior 5.572
TOTAL 97.172

Em volume, ainda prevalecem as ocupações de nível de qualificação, que respondem por 74% do emprego industrial no Brasil hoje. Contudo, chama atenção o crescimento das ocupações de nível técnico e superior, que deve seguir como uma tendência. Isso ocorre por conta das mudanças organizacionais e tecnológicas, que fazem com que as empresas busquem profissionais de maior nível de formação, que saibam executar tarefas e resolver problemas mais complexos.

As áreas com maior demanda por formação são: Construção, Transversais, Metalmecânica, Logística e Transporte, e Têxtil e Vestuário. As ocupações transversais são aquelas que permitem ao profissional atuar em diferentes áreas, como técnico em Segurança do Trabalho, técnico de Apoio em Pesquisa e Desenvolvimento e profissionais da Metrologia, por exemplo.

Estudo avalia estimativas e cenário político, econômico, tecnológico e de emprego

O SENAI é a principal instituição formadora em ocupações industriais no país. Para subsidiar a oferta de cursos, em sintonia com as demandas por mão de obra do setor produtivo, o Observatório Nacional da Indústria desenvolveu a metodologia do Mapa do Trabalho Industrial, referência no Brasil. O estudo é uma projeção do emprego setorial que considera o contexto econômico, político e tecnológico. Um dos diferenciais é a projeção da demanda por formação a partir do emprego estimado para os próximos anos.

Para esse cálculo, são levadas em conta as estimativas das taxas de difusão das novas tecnologias nas empresas e das mudanças organizacionais nas cadeias produtivas, que orientam o cálculo da demanda por aperfeiçoamento, e uma análise da trajetória ocupacional dos trabalhadores no mercado de trabalho formal, que subsidiam o cálculo da formação inicial. Um trabalho de inteligência de dados e prospectiva que deve subsidiar ações e políticas de emprego e educação profissional.

O estudo agrupa as ocupações industriais em 25 áreas. Abaixo, as que mais precisarão formar até 2025:

Áreas com maior demanda por formação (inicial + continuada)
Área Demanda
Construção 17.495
Transversais 15.789
Metalmecânica 10.642
Logística e Transporte 10.484
Têxtil e Vestuário 9.288
Couro e Calçados 7.085
Alimentos e Bebidas 4.904
Tecnologia da Informação 3.104
Química e Materiais 2.754
Gráfica 2.355

Abaixo, as ocupações com maior demanda por formação, agrupadas por nível de qualificação: superior, técnico, qualificação mais de 200 horas e qualificação menos de 200 horas:

SUPERIOR
Voltados para quem tem o ensino médio completo ou equivalente, visam a formação de um bacharel ou licenciado. São de longa duração, com carga horária mínima de 2.400 horas, sendo que algumas chegam a 7.200 horas.

 

Ocupação Demanda em 
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Analistas de tecnologia da informação 191 1.227
Engenheiros civis e afins 136 520
Gerentes administrativos, financeiros, de riscos e afins 98 425
Gerentes de produção e operações em empresa da indústria extrativa, de transformação e de serviços de utilidade pública 57 303
Gerentes de comercialização, marketing e comunicação 56 300
TÉCNICO
 

Cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (cerca de 1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio. 

 

Ocupação Demanda em 
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Técnicos de planejamento e controle de produção 303 1.682
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica 155 932
Técnicos de controle da produção 144 686
Coloristas 360 436
Técnicos em operação e monitoração de computadores 171 603
QUALIFICAÇÃO + DE 200 HORAS
 

Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão. 

 

Ocupação Demanda em 
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário 540 2.214
Trabalhadores polivalentes das indústrias têxteis 494 1.929
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais 525 1.640
Trabalhadores da impressão gráfica 303 1.195
Instaladores e reparadores de linhas e cabos elétricos, telefônicos e de comunicação de dados 204 1.268
QUALIFICAÇÃO – DE 200 HORAS
 

Os cursos de qualificação são indicados a jovens e profissionais que buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais para a inserção em uma ocupação. Esses cursos não demandam um nível de escolaridade específico. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão. 

 

Ocupação Demanda em 
formação inicial
Demanda em aperfeiçoamento
Alimentadores de linhas de produção 1.968 7.488
Trabalhadores de preparação da confecção de calçados 1.044 4.235
Ajudantes de obras civis 3.224 3.929
Motoristas de veículos de cargas em geral 562 3.486
Trabalhadores de estruturas de alvenaria 1.525 2.347

Aprendizagem ao longo da vida para driblar desemprego e aumentar produtividade

O diretor-geral do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Rafael Lucchesi, reconhece que a recuperação do mercado formal de trabalho será lenta em razão da retomada gradual das atividades econômicas no pós-pandemia. Para melhorar o nível e a qualidade do emprego e contribuir para o progresso tecnológico e aumento da produtividade nas empresas, será indispensável priorizar o aperfeiçoamento de quem está empregado e de quem busca novas oportunidades.

“Estamos diante de um cenário de baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), reformas estruturais paradas, como a tributária, eleições e altos índices de desemprego e informalidade. Nesse contexto, o Mapa surge para que possamos entender as transformações do mercado de trabalho e incentivar as pessoas a buscarem qualificação onde haverá emprego. E essa qualificação será recorrente ao longo da trajetória profissional. Quem parar de estudar, vai ficar para trás”, avalia.

Fonte: Assessoria