Paraíba com futebol pobre patinando nas séries C e D é o sexto Estado a receber mais dinheiro da CBF

Publicado em 31 de maio de 2022

Apesar do futebol paraibano continuar patinando nas séries C e D e o campeonato estadual ainda contar com times pobres que sequer conseguem botar os jogadores em campo, como aconteceu este ano, por exemplo, com o Nacional de Patos que jogaria sua primeira partida contra o Campinense, no estádio O Amigão, mas não pode suportar as despesas com a viagem e teve três pontos suprimidos pelo famoso WxO, a Federação Paraibana de Futebol (FPF) nada em dinheiro ostentando, no Brasil, o sexto lugar dentre as filiadas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) que mais recursos recebe dela.

Mensalmente a CBF deposita nos cofres da FPF em torno de R$ 154 mil, totalizando ao ano R$ 1,84 milhão, valor somente superado pelas federações do Paraná, Goiás, Pará, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Amazonas e Ceará.

Recebendo valores menores que a paraibana estão as federações de Roraima, Rondonia, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins, Acre, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Piauí, Alagoas, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e São Paulo

Esse levantamento foi obtido por APALAVRA junto ao jornalista Marcel Rizzo, que o publicou no portal UOL dias atrás.

Segundo o jornalista, boa parte das federações estaduais continua sobrevivendo apenas por causa desse subsídio da CBF. Em 2021, 10 dessas entidades tiveram o valor repassado pela confederação brasileira como equivalente a mais de 50% de suas receitas. O pagamento é feito a cada mês.

O R$ 1,3 milhão total recebido da CBF por Roraima, a mais dependente, significou 98% de tudo o que a federação do norte arrecadou no ano passado, quando fechou com R$ 199 mil de superávit. Os números foram obtidos por meio dos balanços financeiros divulgados pelas entidades – apenas Distrito Federal e Amapá não compartilharam os dados completos.

Com isso, de 25 federações, 10 dependeram principalmente da CBF para pagar as contas em 2021: Roraima, Rondônia, Amazonas, Acre, Maranhão, Pará, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins e a própria Paraíba.

As federações são as principais eleitoras para a presidência da CBF, com peso 3 na votação (clubes da Série A têm voto peso 2 e os da B, peso 1). Em março, Ednaldo Rodrigues, ex-chefe da Federação da Bahia, foi eleito presidente da CBF, cargo que ocupará até 2026 — somente Alagoas não o apoiou.

Das dez mais dependentes, três fecharam 2021 no vermelho, mesmo com a ajuda da CBF. As outras sete tiveram lucros na casa dos milhares de reais, ou seja, sem o subsídio estariam quebradas. Das 25 federações estaduais com os números consolidados, 19 fecharam com lucro e seis com prejuízo. São Paulo teve o maior superávit, com R$ 11,9 milhões.

Todo ano, a CBF envia em forma de doação um fixo de R$ 1,2 milhão a cada uma das federações, para o “fomento do esporte na região”. Mas não é só essa a ajuda. Algumas recebem mais dinheiro para auxílio na organização dos campeonatos nacionais realizados nos estados, como as Séries B, C e D, Copa do Brasil e regionais — que é usado para pagamento de controle de dopagem, arbitragem, entre outros gastos.

Esses valores pagos às federações não incluem os R$ 50 mil mensais que a CBF paga a cada presidente, como “verba de representação”. O salário é pago há alguns anos, diretamente aos cartolas, e é uma das principais críticas ao modus operandi da confederação brasileira.

A CBFDEPENDÊNCIA 

Valores recebidos por cada federação em 2021 e relação com a receita total (em R$)*

Roraima – CBF: 1,31 milhão (98%) – Superávit: R$ 191 mil

Rondônia – CBF: 1,71 milhão (91%) – Superávit: 310,1 mil

Maranhão – CBF: 1,3 milhão (73%) – Superávit: 18,8 mil

Amazonas – CBF: 2,1 milhões (71%) – Déficit: 756,7 mil

Mato Grosso – CBF: 1,67 milhão (68%) – Superávit: 344,1 mil

Tocantins – CBF: 1,34 milhão (68%) – Superávit: 785,60

Paraíba – CBF: 1,84 milhão (64%) – Déficit: 15,3 mil

Mato Grosso do Sul – CBF: 2,15 milhões (60%) – Superávit: 52,5 mil

Acre – CBF: 1,7 milhão (58%) – Superávit: 378,2 mil

Pará – CBF: 2,19 milhões (54%) – Déficit: 173,4 mil

Espírito Santo – CBF: 1,17 milhão (44%) – Superávit: 226,6 mil

Rio Grande do Norte – CBF: 1,2 milhão (41%) – Superávit: 86,4 mil

Piauí – CBF: 1,27 milhão (40%) – Superávit: 77,8 mil

Ceará – CBF: 2 milhões (40%) – Superávit: 186,3 mil

Santa Catarina – CBF: 2,19 milhões (40%) – Superávit: 1,059 milhão

Alagoas – CBF: 1,2 milhão (39%) – Superávit: 377,4 mil

Goiás – CBF: 2,19 milhões (33%) – Superávit: 1,059 milhão

Paraná – CBF: 3 milhões (28%) – Déficit: 970 mil

Bahia – CBF: 1,3 milhão (28%) – Superávit: 488 mil

Sergipe – CBF: 1,2 milhão (22%) – Superávit: 232,7 mil

Pernambuco – CBF: 1,6 milhão (20%) – Superávit: 4 milhões

Minas Gerais – CBF: 1,5 milhão (10%) – Superávit: 4,5 milhões

Rio Grande do Sul – CBF: 1,29 milhão (10%) – Déficit: 287 mil

Rio de Janeiro – CBF: 1,29 milhão (10%) – Déficit: 1,5 milhão

São Paulo – CBF: 1,65 milhão (2,5%) – Superávit: 11,9 milhões

A PRESIDENTE BOLSONARISTA 

A advogada Michelle Ramalho, que preside a Federação Paraibana de Futebol (FPF) com salário mensal de R$ 50 mil, foi entrevistada em abril de 2021 pela FOLHA DE SÃO PAULO e aproveitou-se para criar, em torno de si, uma biografia desconexa com a realidade, segundo na época publicou o Blog do Paulinho.

Ela apresentou-se como alternativa fora do viciado mundo da cartolagem, quando, em verdade, possuía relacionamento bem íntimo com Marco Polo Del Nero, que não apenas a indicou ao cargo, como trabalhou para a adesão de clubes à campanha.

Outro ponto interessante foi a tentativa de dissociar sua imagem do presidente Bolsonaro, dizendo que se aproximava apenas pela necessidade de boa convivência entre a Federação e o Governo.

Michelle, xará da primeira dama, fez campanha efusiva para eleger Bolsonaro, com direito até a discurso em comício.

Fonte: Da Redação