Marcos Marinho
Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.
PARABÉNS, CÁSSIO CUNHA LIMA!
Publicado em 11 de abril de 2023Eu conheci Cássio Cunha Lima, de verdade, um menino. Tinha lá seus 17ou 18 anos e acho que ainda não alimentava pretensões de seguir carreira política, o que viria a ocorrer meses depois quando se entusiasmou com os discursos de Raymundo Asfóra na Câmara Federal.
E foi rápida a ascensão. Como Asfóra não se acostumara ao fato, que ele mesmo fazia questão de propagar, de ter sido eleito pela influência e recursos da família Cunha Lima, mais precisamente pela generosidade financeira do seu grande amigo Ivandro, que no decorrer da campanha abandonou o barco e repassou os seus redutos (Cuité, Gurjão, Alagoa Nova e outros) já pagos para que o filho de Dona Neném pudesse enfim chegar ao Parlamento nacional, viu no “menino de Ronaldo” a solução para o desanuvio da exagerada consciência crítica que tanto o maltratava.
Asfóra era cotado, no PMDB, para disputar a reeleição à Câmara Federal, caminho naturalmente lógico em face mesmo do notável mandato que desempenhava, honrando a Paraíba e os paraibanos, mas à sua disposição também estavam as vagas no Senado da República e na Vice-governadoria do Estado.
Demarcando o terreno, avisou que não pretendia concorrer à reeleição. E fez mais, surpreendendo amigos e a família que lhe dera régua e compasso: indicava e daria apoio ao “menino de Ronaldo”, segundo ele próprio me justificou quando o inquiri sobre as razões para tanto, porque Cássio era um jovem de gigantesco talento, qualidade que não teria encontrado em nenhum outro nome partidário que pudesse vir a ocupar uma cadeira na Câmara dos Deputados em seu lugar.
E foi mão na luva. Devolveria o mandato aos Cunha Lima, mas botando na vaga um “menino” qualificadíssimo – quase “um gênio”, me garantiu na época.
O resto a Paraíba já sabe…
E Cássio, “menino de Ronaldo” como todos os paraibanos passaram a identificá-lo nas ruas e nos palanques, não decepcionou o padrinho! E acabou construindo uma carreira política de fato invejável, sob todos os aspectos, galgando todas as posições possíveis – de prefeito de Campina Grande e governador da Paraíba, ao Senado da República.
Já há alguns anos não integro mais o rol dos amigos de Cássio, mas jamais o chamei de INIMIGO e tampouco desconheci ou procurei desmontar as suas valorosas virtudes. Quanto à reciprocidade de tratamento, não me cabe fazer juízo de valor. Disso a história se encarregará!
É óbvio que o fulgor da juventude (meninice!!!) – e a penca de cargos importantes que conquistou – acabaram por fazer também muito mal a Cássio, certamente levando-o ao precoce encerramento da carreira na vida pública em face da falta de amadurecimento pessoal, que fatalmente leva bem sucedidos homens a se acharem deuses.
Mandatos políticos todos são transitórios, e também todos nós somos falíveis na efemeridade da vida, mas muitos não enxergam essa assertiva e empinam seus narizes, humilham semelhantes, pensam que nos seus currículos nunca alguém será capaz de botar um ponto final.
É essa parte da política que faz mal a muito político que eu conheço.
Mas, deixe-se de lado esse pormenor, porque o foco desse artigo é outro: unicamente parabenizar Cássio Cunha Lima por ter comemorado, semana passada, os seus iluminados 60 anos de vida muito bem vivida.
A propósito, eu li o que Cássio escreveu e publicou nas suas redes sociais marcando a data, e fiquei feliz por tão oportuno e sincero texto, revelador de “um HOMEM” agora maduro, equilibrado, desnudo de rancores ou ódio.
E quero mesmo não estar enganado, porque acredito que a vida do “menino” envelhecido de hoje, longe das agruras do poder público, seja infinitamente melhor do que ontem! Assim como eu, cuidar de filho novo, de netos amados e ter o carinho e a cumplicidade de uma companheira jovem, faz muito bem – ao corpo e à mente.
Por isso, compartilho com meu leitor o belo texto de Cássio na celebração do sexagéssimo ano de histórias.
Das aspas pra baixo é com o “menino-velho”:
“Durante muitos anos, fui chamado de ´menino de Ronaldo´ ou simplesmente ´menino´. Uma forma carinhosa que as pessoas encontraram para me tratar, principalmente no início da minha trajetória pública, com apenas 23 anos de idade, quando, de fato, era muito jovem.
Hoje, pela generosidade de Deus, chego aos meus 60 anos de vida, não mais um menino, mas tentando, sempre que possível, preservar um coração de criança. Neste instante, um filme, cujo título é GRATIDÃO, ronda minha memória afetiva.
Gratidão a Deus – sempre e em primeiro lugar –, a minha maravilhosa família, de forma muito especial à minha mãe, irmã, irmãos, filha, filhos, esposa e aos amigos(as) extraordinários(as) que a vida me ofertou.
Confesso: sinto falta dos que já não estão ao meu lado. Perdi, de maneira precoce, muitos que amei de forma intensa. Mas louvo e agradeço a Deus pelos que estão ao meu lado, celebrando esta incrível e fascinante jornada que vivenciei até aqui.
Muito obrigado, de coração, a todos vocês que enchem a minha vida de paz e alegria. Sou um homem feliz e realizado. Não me refiro a conquistas pessoais. Falo de amor e solidariedade, de convivência e da boa cumplicidade.
Refiro-me à compaixão e à caridade. Recebi tanto e oferto tão pouco. Nos anos que estão por vir, pela misericórdia de Deus, procurarei ser melhor.
Que não me falte humildade e que sob a compaixão floresça, ainda mais, gratidão e cresça a fraternidade. Nasci em Campina Grande, a quem proclamo amor e devoção filial.
Percorri inúmeros caminhos, com muitas vitórias e algumas derrotas, formando o mosaico da minha existência. “C’est la vie!” Na anunciação de uma nova etapa da minha vida, que todos vocês sejam banhados de paz, saúde e muita luz. “Viva la vida”. Obrigado por tudo!!!!”