Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

Os “sem votos” da primeira pesquisa

Publicado em 8 de março de 2022

A primeira pesquisa eleitoral no ano da eleição, como essa de agora do Datavox/PBAgora, é sempre emblemática e cheia de surpresas e acaba não se mantendo até números finais na urna.

É mais do que óbvio isso, até porque ninguém ainda passou por convenção partidária e em essência não existem candidatos.

Em 1990, por exemplo, a primeira pesquisa divulgada nas rádios mostrava Wilson Braga com 56,0% e Ronaldo Cunha Lima com apenas 05,0%. Na urna, entretanto, o poeta “matou” Braga.

Outro quadro similar aconteceu em 2014, quando Cássio Cunha Lima largou com 56,0% sobre um duvidoso Ricardo Coutinho que tentava a reeleição e acabou conseguindo quando as urnas foram apuradas.

Não se quer dizer com isso que a pesquisa do Datavox de Bruno Agra esteja errada, mas é que até as eleições muita água ainda vai rolar sob a ponte…

O importante, porém, é que esse relatório do Datavox passa a servir de parâmetro para as pesquisas vindouras, de quaisquer institutos – sérios ou nem tanto.

E é sobre essa amostragem que ouso analisar nesse pedaço de canto do portal, para interagir com o leitor e ajudá-lo a entender a nebulosidade política em que estamos vivendo, onde alguns políticos do pedaço se acham imbatíveis, outros imortais e a maioria vivendo o momento “rei da cocada preta”, onde se imaginam invencíveis.

Os números do Datavox mostram a atual realidade, o momento 3 x 4 do futuro pleito onde a força do Governo é capaz de tudo, até de reeleger João Azevedo em um primeiro turno de bastante calmaria. E ratificam que as derrotas de Cássio Cunha Lima ainda não tiveram o condão de retirar a força política dos Cunha Lima no Estado.

De igual modo, atestam com incontestável clareza que o ex-prefeito Veneziano Vital do Rego não tem balaios de votos na Rainha da Borborema e tampouco no resto do Estado. E que a vice-governadora Ligia Feliciano continua longe de ser vista pelo eleitor como “alguém” na política partidária estadual.

Os 40,7% das intenções de votos coletadas pelo Datavox para João Azevedo, se as eleições fossem hoje, dar-lhe-iam mais quatro anos no Palácio da Redenção sem precisar de uma desgastante e temerária eleição suplementar.

O neto do saudoso Ronaldo Cunha Lima, que passou a ser outro minguado de votos e no último pleito quebrou pela metade quase não voltando para o tapete verde do Congresso Nacional, aparece com minúsculos 14,2% de intenções de votos, longe uma eternidade de emparelhar-se aos de João Azevedo.

Veneziano e o ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo, se embolam nos mesmos números, um com 6,6% e o outro com 5,9%, representando uma reprovação rotunda do eleitorado para os homens que por duas vezes governaram as duas maiores cidades paraibanas.

Na ‘borra da lama’ surge o barulhento radialista Nilvan Ferreira, com 3,2%, seguido pela sonhadora médica Lígia Feliciano, ela um bem identificado poço de incoerência na vida pública estadual que capenga com 1,0%.

Triste Paraíba, essa de agora que só dispõe desses “sem votos” para poder escolher seu futuro governante…