Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

Os “gastosos”

Publicado em 1 de maio de 2024

Costumo seguir a orientação de dois padres, ouvida em pregações distintas, e o conselho de um amigo diante das tentações mundanas, que com as redes sociais nos rondam cotidianamente. Resisti o quanto pude às plataformas online de relacionamentos, e nem um aparelho de celular presenteado foi motivo para que eu aderisse de imediato a esse novo modo de comunicação.

Foi preciso muita cobrança dos mais próximos até que eu resolvesse utilizar o Whatsapp como meio de relacionamento pessoal; nele, uso mais a escrita do que o áudio ou o vídeo. Não tenho paciência de gravar uma mensagem oral e depois ficar esperando que o destinatário grave outra e me responda. Se preciso conversar um assunto urgente com uma pessoa, vou na ligação direta.

Não faz nem um ano que aderi ao Facebook e, em seguida, ao Instagram. Neste, me encanta seguir pessoas amigas e cantores que admiro; naquele, me surpreende a quantidade de solicitações de amizade, consequência da facilidade que nos proporciona de reencontrar pessoas que passaram por nossa vida. O mais surpreendente mesmo é o número de desconhecidos, gente de quem eu nunca ouvi falar, até do exterior, que quer ser amigo.

Dessa turma de ignotos é que costuma vir as tentações. Mulheres novinhas, na sumariedade de seus trajes vistos nas fotos postadas, possibilitando prazeres visuais, na esperança de um chamego rentável; outras, mais maduras e de perfil denunciando o estado civil, buscando, na distância até continental que nos separa, um improvável relacionamento sério. Vejo a maioria dessas imagens, mas com o olhar contemplativo.

Não flertar com o pecado, contemplar a beleza da criação e rezar, sempre, são direcionamentos que sigo nessas ocasiões. Evitar o flerte pecaminoso, conselho de um padre amigo em live no tempo da pandemia; contemplar o belo, dica de um jovem sacerdote direcionada aos homens numa palestra para casais. Rezar, recomendação de um amigo que costuma enviar fotos de mulheres ou vídeos ousados de casais, no dia em que lhe externei a contemplação de uma das fotos vistas.

Não há outro motivo a supor, na solicitação de amizade dessas pessoas, do que interesse no capital que o endereçado aparenta possuir. Na academia, dois colegas conversavam sobre esses pedidos, quando um deles me perguntou se os aceitava. “Todas as solicitações desconhecidas dessa natureza entram no time das excluídas”, respondi. O outro concordou com minha postura, confirmando também não aceitar. “Elas pensam que somos gastosos”, justificou.