Marcos Marinho

Jornalista, radialista, fundador do ‘Jornal da Paraíba’, ‘Gazeta do Sertão’ e ‘A Palavra’, exerceu a profissão em São Paulo e Brasília; Na Câmara Federal Chefiou o Gabinete de Raymundo Asfóra e em Campina Grande já exerceu o mandato de Vereador.

Oliveira e a minha esperança na salvação do “porco” jornalismo

Publicado em 16 de dezembro de 2024

Não é nenhum FAKE – essa palavrinha agora tão em moda – a gente afirmar que o jornalismo, principalmente o de Campina Grande que sempre foi com justiça dado como dos melhores do Nordeste, está hoje uma verdadeira porcaria.

Atesto envergonhado essa infeliz realidade não apenas pela experiência própria de quem já passa das cinco décadas de batente. Mas principalmente pelo que escuto da boca do povo comum nas feiras, nos supermercados, na Praça da Bandeira, na fila dos bancos…

Do povo, sim senhor, que apesar de também envergonhado é obrigado por ausência de alternativa a consumir esse nojo gerado por pseudos profissionais que tomaram de assalto o lugar dos jornalistas de verdade e se passaram a macetar a mídia, acoloiados com falsificados donos de emissoras e sistemas de comunicação que associados a políticos, mais das vezes de bolsos cheios com dinheiro da corrupção, os financiam.

Fala-se mal dos programas de rádio e de TV’s exatamente pela absoluta falta de profissionalismo nesses horários tão obrigatoriamente vistos e ouvidos em passado não tão distante. E o mais grave é que não se vislumbra a mínima possibilidade de mudança.

É óbvio que temos exceções no rádio, na TV e no mundo ora mais ativo, o da internet – blogs e portais que proliferam sem controle e quase nada de regras, tudo sob a ilusão malina de que se faz jornalismo bom por estas nossas carcomidas paragens.
Há exceção, sim; mas pouquíssima, é forçoso registrar!

Quando os donos dos sistemas dão alguma bobeira, um talento abafado e sem chances de progredir no inócuo ambiente de trabalho se sobressai e ganha prêmio nacional, como deu exemplo semana passada uma discípula da turma excepcionalmente profissional do meu amigo Carlinhos Siqueira, um dos que ainda teima em sobreviver na desprestigiada TV Paraíba, sempre sucateada de equipamentos e de valores em benefício da irmã siamesa instalada nas brisas do Cabo Branco.

Me dei conta ontem, martelando esse sofrido tema, que uma das causas da pobreza insistente no nosso jornalismo é a falta do colunismo social, que levantava a bola das socialites, dos grandes empresários e dos incompetentes políticos daquela época promovendo chás “beneficentes” e luxuosos jantares para as madames desses milionários desfilarem suas joias e roupas de grifes importadas, dando tempo a que seus consortes pudessem usufruir as alcovas das amantes sem o perigo de tocaias e flagrantes.

O colunismo social era o espaço, no jornalismo, da fofocagem, da bajulação, do falso glamour financiado pelo vil metal…

Tinha-se exceção, obviamente também.

Minha queridíssima e saudosa amiga Sevy Nunes, que na “vida real” era professora de Latim em escolas estaduais da cidade; O professor Celso, ás na língua pátria e amante do mais escorreito Português lecionado na região; A esplendorosa “pantera” Tamar Celino, revelação d’APALAVRA na sua versão impressa, logo “abduzida” para as páginas do jornal de Roberto Cavalcanti, onde continuou registrando divina e poeticamente o dia a dia da sociedade paraibana; O notável e desprendido teatrólogo e premiado escritor Hermano José, leitura obrigatória por conta dos seus furos e leveza do inigualável feito cotidiano que passava carinhosamente para o papel; E mesmo o indefectível – como diria Josusmá Viana – Josildo Albuquerque, nosso suicida JÔ que preferiu pular com a AIDS do último andar do Hotel Serrano para evitar que seu gigante fã clube de mulheres paraibanas não assistisse seu corpo franzino virar farrapo humano são consagradas exceções desse jornalismo maravilhoso que fazia a festa das dondocas do nosso entorno.

Tenho cá comigo que a falta do colunismo social obrigou de fato minha suada profissão a empobrecer em todos os sentidos: financeiro, moral, na educação, na qualidade e mais ainda no respeito aos bons costumes…

Tínhamos, por exemplo, uma Graziela Emerenciano, que mesmo limitada na gramática pela falta de escola por carência financeira no lar materno (sua saudosa mãezinha sobrevivia da venda de picado de bode na feira central) nunca fez feio nem no Diário da Borborema e muito menos na TV Borborema, onde dava show como a primeira mulher a comandar um programa de TV no Nordeste, mixto de colunismo social e variedades.

Agora, cuspidores de microfones e enfronhados engomadinhos das telas das TVs só cuidam de bajular… Ou de agredir algum poderoso na tentativa de que possa se vender quando o incomodado não encontrar melhor coisa que possa calar o infeliz. Até a crítica esportiva cede a tais “encantos”, outrora exclusivo do colunismo social. Em vez de falar sobre ‘escanteio’, tiro de meta’, ‘falta na área’, ‘cartão amarelo’ e que tais, hoje é só abraço. Um p’ro dono do Bar do Cuscuz ou para o dono do Spazzio, outro para o dono daquela rede famosa de supermercados, para o político que estiver na crista da onda…
Tudo em troca de um “peixe”, um “lobo guará”, uma “onça”…

Mas hoje eu vi, contrariando agora o que escrevi lá em cima de não acreditar em mudança desse quadro horroroso, que o colunismo social ainda pode nos salvar.

Graças a Oliveira Filho, que também lá atrás teve página semanal n’APALAVRA e se enquadrava no time das boas exceções do colunismo social da Borborema, o “alto clero social” local voltou a desfilar suas vitórias e glamour diariamente por seu valioso intermédio nas redes sociais onde qualquer um pode se dizer JORNALISTA.

Parabenizo o corajoso confrade e estou lendo sua coluna religiosamente a cada manhã, onde tenho a alegria de saber das notícias da mestra Yara Lira, de Eneida Agra e das próprias andanças dele por este Nordeste imenso ainda carente de excelentes verdadeiros jornalistas, e onde volta a nos dar exemplo o filho ilustre de Sumé, cria de Sevy Nunes & Cia.