Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

O voo do Canário 

Publicado em 25 de abril de 2022

Se não fosse a exatidão dos números, a inacreditável reviravolta do Nacional de Patos na versão 2022 do Campeonato Paraibano de Futebol seria uma lenda. Tal qual a fênix, o Canário ressurgiu das cinzas após um conturbado início de temporada, com os pés fincados numa crise que parecia irreversível.

A tempestade no clube patoense, às vésperas da abertura da competição, assustou e revoltou a torcida, que testemunhou atletas sendo despejados de hotel, dirigentes renunciarem, chegando ao ápice ao perder por WO por falta de material humano para formar uma equipe.

Um dia após não entrar em campo diante da Raposa, no “Amigão”, o clube foi buscar no Ceará para assumir o comando técnico um ídolo do passado, peça importante no título de 2007, Lamar. Não é que Lamar tirou o time da lama, acabando o lamento da torcida.

Com ele no banco, bancando uma reviravolta impensável, o alviverde conseguiu ser semifinalista do Certame Estadual e ainda se garantir na Série D do Campeonato Brasileiro de 2023. Ao todo, em campo, Lamar levou o time ao número de seis vitórias, um empate e apenas duas derrotas. A terceira, por WO.

Os números atestam a surpreendente performance da equipe. Em nove jogos disputados, o Canário do Sertão totaliza, portanto, 19 pontos na classificação geral da competição. Atente que não estou computando o WO, apenas as disputas nas quatro linhas.

Nas vezes em que entrou em campo, o alviverde marcou 27 gols, perfazendo uma média de 2,07 assinalados, enquanto o sistema defensivo – 13 tentos sofridos – demonstrou certa fragilidade, atingindo a média de 1,44 por jogo. Mas como a melhor defesa é o ataque…

A boa campanha no certame me faz recordar o tempo que passei em Patos e o clube, dirigido tecnicamente por Virgílio Trindade, era um celeiro de jogadores, muitos deles transferidos depois para Treze e Campinense. Zé Pereira, Diá, Messias, Clóvis… O próprio treinador chegou a trabalhar no “PV”.

Nos anos 80 e 90, outra safra alviverde abasteceu o futebol serrano. Marcial, Levi, Menon, Wamberto… Bater o Nacional no “JC” era tarefa bastante penosa. Humberto de Campos chegou a lembrar que, quando a Raposa jogava lá, já deixava um ponto no Km 12, após São José da Mata.

Essa indisposição rubro-negra em ganhar em Patos, na época, me inspirou a manchete no Diário da Borborema quando a Raposa finalmente ganhou uma, após um período de jejum. “Campinense supera a síndrome do Km 12”, tasquei.

O agora Lamar Lima já disse que o objetivo no ano já foi alcançado, que foi garantir o time na série D e o calendário do próximo ano, mas não se mostra satisfeito por completo. Se superar o Bota de novo, nesta terça, 26, será finalista. Para o treinador, então, é “aproveitar o momento”.

Seja qual for o resultado final do Campeonato Paraibano 2022, o Canário pode cantar de satisfação, pois sai da competição com penas brilhantes, feito a fênix