

Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
O trabalho parece não mais dignificar o homem
Publicado em 1 de maio de 2025A expressão “o trabalho dignifica o homem” foi uma das mais que ouvi e li desde que comecei a me entender por gente. Hoje, raramente usada, observo a frase desatualizada em função da aversão que a grande maioria, principalmente os jovens, tem à prática do trabalho. Todos querem um emprego; pouquíssimos se dispõem a trabalhar, por mais maneiro que o serviço possa parecer.
Há uma gritante falta de interesse na realização de um serviço bem-feito para o qual a pessoa foi contratada, principalmente entre os jovens de 18 a 25 anos.
Por mais qualificados que sejam – se é que há qualificação – a indisposição predomina entre eles. Empresária amiga, sempre que conversamos, diz preferir contratar pessoas com a idade superior a 30 anos.
As consequências dessa indisposição laboral são boa parte desse pessoal desempregado e as empresas com dificuldades em encontrar profissionais especializados e com disposição de dar o melhor de si no serviço para o qual foram contratados.
Em março, uma pesquisa constatou que as redes de supermercados estão com dificuldades para preencher 80% das funções disponíveis a emprego.
Esclarecendo melhor, a cada 10 cargos oferecidos, para oito não se encontra mão de obra especializada, entre os quais os de açougueiro, repositor de estoque e até caixa.
Amigo meu, que mantém loja de carnes em bairro, está sendo obrigado a realizar serviços que como proprietário não era para se ocupar, como guardar mercadorias no final de expedientes. “Estou fazendo serviços que minha idade já não permite”, queixou-se ele, que tem mais de 60 anos. Outro, também do ramo, confirma estar testando três jovens aprendizes, mas lamenta que apenas um demonstra aptidão para o serviço.
Em resumo, hoje em dia, com poucas exceções, o jovem quer trabalho e não se prepara e não se qualifica. E quando arranja um emprego, não demonstra disposição para o serviço e expõe uma má vontade na sua execução. Não tem a consciência de antigamente de que o trabalho dignifica o homem. E a mulher.