Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

O TOPO DA PIRÂMIDE 

Publicado em 27 de julho de 2023

Em recente entrevista concedida pelo deputado federal Aguinaldo Ribeiro à mídia paraibana – leitura das entrelinhas – ficou patente que a estrutura do Clã, sob sua liderança, alcançou o limite máximo de escalada, chegando ao topo da pirâmide. O desafio doravante é conseguir se manter na altitude da superfície, obstaculizando outros alpinistas – ousados, corajosos e competidores – que sobem pelas escarpas e não medem esforços para chegar ao cume, forçando membros do Clã descer pelos vértices.

Aguinaldo Ribeiro, verbalizando seu “calcanhar de Aquiles”, expôs um quadro de fragilidade até o momento fora do alcance do debate público, que compromete o projeto de sua irmã – senadora Daniella Ribeiro – e seu sobrinho Lucas Ribeiro (vice-governador) quando, mesmo sem ser indagado sobre o tema, fez questão de destacar que não tem como acomodar dois sobrenomes (Ribeiro) numa chapa majoritária.

Por outro lado, confessando que seu grupo não dispõe de um nome para disputar o pleito municipal (2024) na sua principal base, Campina Grande, fortaleceu indiretamente o acordo que vem sendo costurado entre Rego e Cunha Lima, com vistas à reeleição de Bruno. O quadro supostamente “pessimista” de Aguinaldo gera especulações de uma inevitável “desagregação”, ou racha na família.

Daniella Ribeiro vem se avultando no Senado da República. Conseguiu ser escolhida relatora do OGU, ostentando o melhor momento de sua trajetória política. Largaria tudo para disputar uma eleição municipal? Esta experiência (2012) foi traumática. Não alcançou o segundo turno. Fez uma campanha deserta de lideranças.  

Dos três exércitos políticos aquartelados na Rainha da Borborema – há quatro décadas – o que dispõe (no momento) do menor contingente é a tropa liderada pelos Ribeiros. Basta observar a composição da Câmara Municipal, formadores de opinião e principais lideranças de bairros.

Especula-se que o projeto de Aguinaldo Ribeiro é chegar ao Senado Federal em 2026. Para tanto, terá que sacrificar a irmã e seu sobrinho, vice-governador Lucas Ribeiro. “Não se faz omeletes sem quebrar ovos”. Se por ventura Lucas assumir o governo e for candidato à reeleição – o único projeto que interessa ao governador João Azevedo, conjecturando seu retorno em 2030 – Aguinaldo e Daniella serão reféns da legislação eleitoral, que lhes permite apenas renovarem seus mandatos.

Tudo que Daniella deseja é estar ao lado do filho, no comando do Estado, acompanhando-o nos palanques, para assegurar sua recondução. Todavia, aspirações de Aguinaldo, João Azevedo, Daniella, Pedro Cunha Lima e eventualmente Efraim Morais – fazendo uma analogia ao futebol – grandes craques e “estrelas” individuais de uma Seleção, dependem de um bom time para vencer a Copa.    

Para quem tem memória curta, lembramos que o Republicanos consolidou a reeleição do governador João Azevedo. O partido permanece unido, coeso e em expansão. Azevedo foi derrotado em Campina Grande e João Pessoa, dois maiores colégios eleitorais do Estado. O empenho do deputado Adriano Galdino foi de um valor inestimável, vencendo com larga vantagem no imenso reduto que compõe dezenas de municípios com eleitorado abaixo de vinte mil votos. Republicanos e Adriano são “coringas” que formam qualquer jogo. Já combinaram com ele(s)?