Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

O que está por trás da saída de Nominando do TCE

Publicado em 17 de julho de 2024

A presença diária na mídia, nos últimos meses, destacando a agenda administrativa (rotineira) do conselheiro do TCE Nominando Diniz – com matérias de pouco interesse para o leitor – nos despertou a atenção, para averiguar o que estaria ocorrendo nos bastidores políticos. Qual o interesse dos profissionais da informação da Capital “remodelarem” a imagem de Nominando, criando um perfil de “estadista”?

O prefeito Cícero Lucena inventou uma viagem repentina. Seu vice, e o presidente da Câmara de Vereadores, estão impedidos de assumirem, em função das exigências da legislação eleitoral. Quem assumiria? Na maior Constituição do planeta não existe um artigo, parágrafo ou inciso, que preencha a lacuna desta dúvida. Seria algum secretário ou um desembargador do Tribunal de Justiça? Na dúvida, a ALPB votou uma emenda criando uma nova figura na linha sucessória: o presidente do TCE. Mesmo o TCE sendo um órgão de assessoria da própria ALPB. Por que não escolheram um dos membros da Mesa Diretora da Casa Epitácio Pessoa? Eles não se tornariam inelegíveis.

O disciplinado Nominando Diniz já foi deputado estadual e presidente da ALPB. Conquistou a confiança do governador Cássio Cunha Lima, que o nomeou para o TCE. Cumpriu todos os compromissos com o líder tucano, enquanto ele esteve na vida pública. Sua aposentadoria voluntária – por ele mesmo anunciada recentemente – levou Nominando a se alinhar com o governador João Azevedo. E provavelmente ao projeto do Republicanos, depois do gesto de Adriano Galdino deixá-lo ser prefeito por oito dias de João Pessoa, enriquecendo seu currículo.

Os detalhes deste pacto aos poucos começam a mostrar que “onde há fumaça, há fogo”. Nominando anunciou que antecipará sua aposentadoria do TCE. Para que esta decisão tenha sido materializada e aprazada (até junho de 2026), fica patente que voltará à política. Conhecido como homem “sabido” na hora de negociar, Nominando deve ter arrancado a promessa de uma vaga na Casa Epitácio Pessoa, ou talvez na Câmara dos Deputados. Quem perderá a vaga, não se sabe. Mas, se Nominando realmente antecipar sua aposentadoria, é porque sua eleição estará garantida.

Para João Azevedo, é tudo que ele sonhava. Comandar o TCE, estando ou não com um mandato. João Agripino ocupou este espaço por muito tempo. Em suas mãos, estiveram o destino de muitos prefeitos, ex-prefeitos, secretários de governo, ex-secretários; vereadores, presidentes e ex-presidentes de câmaras municipais. Muitos foram cassados, ficaram inelegíveis por contas rejeitadas, e perderam suas carreiras políticas. Oito anos sem mandato, e impedido de disputar eleições, é fim de linha.

Em dezembro próximo, Arthur Cunha Lima será aposentado pela compulsória. Setembro de 2025, é a vez de Fernando Catão. Junho de 2026, Nominando Diniz. Seus sucessores, serão indicados pelo governador João Azevedo. Mas, passarão pelo crivo da ALPB, com aprovação do presidente Adriano Galdino. Para que tudo ocorra como João deseja, a anuência de Adriano Galdino é imprescindível. O projeto do Republicanos, de compor a chapa majoritária em 2026, avança.