Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

O POVO PERDEU O MEDO E VOLTOU ÀS RUAS

Publicado em 30 de novembro de 2023

A indicação do Ministro Flávio Dino para o STF, provocou uma repulsa generalizada nas redes sociais – do Facebook ao Twitter – canais do Youtube, grupos do WhatsApp… Até na Globo News, programa “Em Pauta”. Os comentaristas Demétrio Magnólia e Gerson Camarotti, brigaram feio e ao vivo. Inimaginável! Demétrio não quer perder o respeito de seus admiradores, maculando sua própria imagem conquistada no Jornalismo Profissional, pautada numa linha de independência.

Ao comentar a indicação de Flávio Dino para o STF, Demétrio Magnólia – “progressista” – protestou com veemência o ato do presidente Lula. “Uma vaga na Suprema Corte não pode ser ocupada por um político”. Travou-se uma longa discussão, mesmo Camarotti argumentando que Flávio Dino vinha da Magistratura, tentativa de salvar a linha editorial da emissora. Demétrio não se omitiu: “Dino havia abandonado sua carreira no Judiciário, para se tornar político”. E não se faz política na Suprema Corte.

A postura autoritária de Flávio Dino, investido nas funções de Ministro da Justiça e Segurança Pública, revelou seu lado arrogante na CPMI que investigou os atos do dia 08/01/2023. Negou e não disponibilizou as imagens internas do seu Ministério, onde estava testemunhando todo o vandalismo praticado no fatídico dia. Depredação do Palácio do Planalto, STF e Congresso. Mentiu quando disse que as imagens tinham sido apagadas. Descobriu-se depois, que o material com o Ministro Alexandre de Morais. Os membros da CPMI solicitaram cópia ao togado, que se recusou a fornecê-la.

Por outro lado, Flávio Dino tem fugido das convocações feitas pelas comissões temáticas da Câmara e Senado. Em algumas ocasiões justificou. Em outras, simplesmente desprezou. Existe um grupo de parlamentares colhendo assinaturas, com propósito de instalar um processo impeachment. Encurralado, a única alternativa que resta para Dino, é correr o risco e tentar se “blindar” no STF.

A maioria (direita e centro direita) se sente ameaçada com sua presença na Suprema Corte, ao lado de Barroso, Fachin, Alexandre de Morais e Dias Toffoli. A reação instantânea, foi convocar através das redes sociais, mobilizações para Brasília (13/12/2023) dia da sabatina no Senado. Antes, dia 10/12/2023 tem novas mobilizações em São Paulo, diversas capitais, e grandes cidades do país.

Zanzaram os “marqueteiros” do presidente Lula, quando sugeriram a criação de um “fato novo” (polêmico), capaz de abafar os efeitos das manifestações populares, que se reiniciou timidamente em Brasília – há uma semana – corajosamente em frente ao STF. O movimento foi convocado e alentado pelo Desembargador Sebastião Coelho.

No último domingo (26/11/2023) o povo perdeu o medo. Voltaram às ruas e acompanhados por diversos parlamentares – seus representantes – protestaram pelo descaso da Justiça e seus abusos, que culminaram na morte de Cleriston Pereira da Cunha. Ativista pacifista da direita, encarcerado no presídio da Papuda, com parecer do MP recomendando sua soltura – laudos médicos sobre seu estado de saúde e risco de morte – fato que foi consumado. Quem o matou? O STF? Ou o Estado Brasileiro?

Enfurecido, Lula viu a volta do fantasma que o atormentou durante todo o ano de 2022, até janeiro de 2023. Multidão lotando as ruas – Avenida Paulista – gritando “fora lula” e “volta Bolsonaro”. Perdido em suas decisões controversas – sem o apoio do Congresso – o governo Lula III descerrou sua bandeira ideológica, estampada nas cores das esquerdas, e hasteou em seu lugar, o pavilhão do liberalismo econômico.

A incoerência de seu comportamento, tem ido além do esperado. O outrora “justiceiro” distribuidor do dinheiro público, tornou-se um avarento guloso cobrador de impostos. Chegou ao cúmulo do absurdo, vetando a desoneração da folha – programa petista implantado na era Dilma – para salvar milhões de empregos. Comprou uma briga com as Centrais Sindicais, demolindo o bunker que sempre o abrigou.