O Papa Brasileiro que Rejeitou o Trono: A História de Dom Aloísio Lorscheider

Publicado em 8 de maio de 2025

Em 1978, a Igreja Católica esteve à beira de ter seu primeiro papa brasileiro, mas uma decisão de saúde impediu que isso se concretizasse. Durante o conclave que se seguiu à morte inesperada de João Paulo I, dom Aloísio Lorscheider, então arcebispo de Fortaleza (CE), obteve dois terços dos votos necessários para ser eleito o novo pontífice. No entanto, devido a graves problemas cardíacos e uma cirurgia recente de múltiplas pontes de safena, Lorscheider recusou a eleição, temendo não ser capaz de suportar a carga de liderar a Igreja.

Frei Betto, teólogo e escritor, detalhou a situação, destacando os problemas de saúde que dominaram a decisão do arcebispo. Naquele momento, a Igreja ainda se recuperava da perda súbita de João Paulo I, que morrera após apenas 33 dias de papado. O receio de mais uma morte precoce teve forte influência na escolha de Lorscheider de não assumir o cargo.

Após a recusa, o cardeal brasileiro atuou nos bastidores, contribuindo decisivamente para redirecionar os votos dos cardeais latino-americanos e africanos, ajudando Karol Wojtyła, futuro João Paulo II, a ser eleito papa. O pontificado de Wojtyła duraria 26 anos, até sua morte em 2005.

Dom Aloísio Lorscheider faleceu em 2007, aos 83 anos, após complicações de saúde. Sua trajetória na Igreja, marcada por posições de liderança como arcebispo de Fortaleza e Aparecida e presidente da CNBB, permanece como um exemplo de devoção e humildade. Curiosamente, sua recusa no conclave foi referenciada no filme O Poderoso Chefão 3, lançado em 1991, tornando-se um marco na história recente da Igreja.

Fonte: Da Redação