Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

O padre das crianças

Publicado em 20 de fevereiro de 2024

Certamente, as crianças das comunidades que formam a Paróquia de São Francisco, no bairro do Cruzeiro, são as que mais sentirão a surpreendente transferência de padre Hermes, a partir desta semana pároco da Paróquia do Rosário, na Prata. Não que ele motivasse qualquer incompatibilidade com os adultos, mas um ato desse apóstolo dos dias de hoje faz com que ele seja muito querido pela criançada.

Enquanto a equipe de celebração vai entrando, ao som do cântico de entrada, padre José Hermes Fernandes de Macedo interage com cada menino ou menina que estiver ao longo da nave maior até o altar. Usando o indicador como a dizer que o caminho é Cristo, ele toca suavemente na testa ou cabeça da criança, que se desmancha em sorrisos, dividindo esse instante feliz com o pai ou a mãe, cintilando-lhe o brilho do olhar.

Depois da bênção final, já com a equipe celebrativa se encaminhando à porta de saída, padre Hermes repete esse momento mágico, santo até, que encanta as crianças. É quando aquelas mais desinibidas, na ansiedade de mais um afago sacerdotal, correm em sua direção, algumas delas chegando a abraçá-lo. É linda essa interação!

No último domingo, a comunidade da igreja que mais tenho frequentado ultimamente, até por ser a mais próxima de minha casa – Capela de Santa Clara, em Rosa Cruz ou seria Cruzeiro? – despediu-se lindamente do padre Hermes. Após a missa, um momento de Ação de Graças e Envio, baseado nos Sacramentos da Igreja Católica, emocionou o sacerdote, que confessou viver esses quase dois anos de paróquia, os de maior paz na sua vida sacerdotal.

O momento se iniciou, logicamente, pelo Sacramento do Batismo, com crianças percorrendo a pequena igreja da porta ao altar, e acabou, novamente, sob o protagonismo delas. Ao som de “Fica sempre um pouco de perfume” (Fica sempre, um pouco de perfume/nas mãos que oferecem rosas/nas mãos que sabem ser generosas), crianças percorreram o espaço jogando rosas no chão, outra aspergindo a assembleia, e uma delas entregando ao sacerdote um buquê de flores.

No final, padre Hermes foi ovacionado e ficará, com certeza, na memória afetiva dessas crianças.