Valberto José
Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.
O mundo que tanto necessita de socorro rejeita Socorro
Publicado em 23 de agosto de 2023Em pleno mês da Assunção de Maria, me vi a refletir sobre a Mãe de Jesus após costumeira leitura no site da Diocese e uma das notícias expor a festa de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Lagoa Seca. Esse momento reflexivo me levou a concluir que o nome Socorro, antigamente colocado em profusão em recém-nascidos do sexo feminismo, está sendo abolido da nomenclatura filial.
Sempre precedido de Maria, veneração a um dos títulos que a virgem escolhida por Deus para gerar o seu filho foi agraciada, o composto Maria do Socorro é rejeitado até por quem assim foi batizado. No momento, lembro de pelo menos três pessoas que extraoficialmente trocaram o nome; duas delas, permanecendo na devoção nominal, optaram por chamar-se de Maria, a outra, adotou um apelido.
Em que pese concordar que Socorro não é um nome bonito a pôr em alguém, paradoxalmente estranho essa rejeição. Certamente porque, no verdor de meus anos, me vira cercado por quatro mulheres de nome Maria do Socorro. Uma irmã, uma namorada de quem não gostava, uma colega por quem fora apaixonado e, logo depois, outra colega, cuja amizade terminara em caso.
Católico apaixonado, devo acreditar que Nossa Senhora do Perpétuo Socorro intercedera ao Pai em meu favor, socorrendo-me na inexperiência de minha pouca idade. Era, realmente, muito novo para assumir uma responsabilidade familiar, o que certamente teria acontecido se a paixão de então evoluísse a namoro; portanto, sob sua proteção, a relação com nenhuma delas caminhara ao altar.
A profusão de nomes bíblicos colocados nas crianças nascidas nos últimos – Miguel foi o nome mais registrado nos cartórios brasileiros em 2022, me faz compreender que o povo católico não está perdendo a fé e nem tão pouco rejeitando Nossa Senhora. Apenas há uma crescente rejeição à palavra socorro como designação pessoal.
Não deixa de ser contraditório essa abolição de um dos títulos de Nossa Senhora, numa época em que o mundo, cheio de problemas ecológicos, climáticos, sociais, guerra, etc., precisa de tanto socorro. O dicionário registra que socorro é a forma regressiva de socorrer, enquanto, penso, abolir “Socorro” como nome pessoal é uma regressão na forma de pedir socorro.