Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

O MOMENTO DE ADRIANO GALDINO

Publicado em 29 de janeiro de 2025

No dinâmico mundo político, volátil e perecível, existem momentos únicos, como sentencia o adágio popular: “cavalo selado passando na porta”.

O presidente da ALPB, deputado Adriano Galdino, hoje desfruta desta rara oportunidade, como o único pré-candidato a governador que atrai e inibe a oposição de lançar um nome competitivo para enfrentá-lo. Entretanto, seus adversários paradoxalmente estão dentro do seu próprio núcleo, criando resistência e obstáculos, sinalizados a partir do governador João Azevedo, que em nenhum momento nos dois últimos anos citou o nome de Adriano como um dos prováveis postulantes que ele poderia apoiar para sucedê-lo em 2026.

O jornalista Heron Cid postou recentemente um artigo cobrando (nas entrelinhas) de Adriano Galdino reciprocidade pelas ações do governador, que o tem prestigiado e viabilizado seus pleitos. Esqueceu o jornalista que o benefício eleitoral colhido pelo governador é bem maior. Adriano promete, mas quem realiza é o poder de caneta do Chefe do Executivo. A gratidão do presidente da ALPB sempre foi antecipadamente correspondida. João Azevedo voa em céu de Brigadeiro, sem temor dos ímpetos intempestivos e ameaçadores do Parlamento – uma usina geradora de crises – enfrentada por todos os governos, exceto na gestão João Azevedo.

Quem andou o dia todo, e todos os dias, por todo o Estado nos últimos dois anos lançando o governador João Azevedo para o Senado foi o deputado Adriano Galdino. Em Palácio, os hospedeiros de sempre confabulam pela permanência do governador e insinuam uma candidatura “consensual” de Deusdete Queiroga, sem combinar com o povo e a classe política. Para não “largarem o osso” são capazes de promover qualquer aventura. Alguém já conferiu o poder de transferência de votos de João Azevedo?

Através de eleições diretas para governador, desde 1960 só quem transferiu votos para eleger seu sucessor foram Ronaldo Cunha Lima e Ricardo Coutinho. Pedro Gondim tentou eleger João Agripino (1965), porém antes de terminar seu mandato o TSE-PB o cassou por fraude eleitoral. João Agripino apelou.

Quando saiu a decisão final do STF ambos já tinham partido. A Suprema Corte determinou reparações. Pagamento da pensão de ex-governador à viúva de Rui Carneiro, e sua foto na galeria do Palácio da Redenção. Burity foi eleito indiretamente pela Assembleia em 1978. Em 1982, apoiou a vitoriosa campanha de Wilson Braga. Mas, não fez seu sucessor (1990).

A mixórdia provocada – intencionalmente ou não – por João Azevedo, numa entrevista concedida a Luís Torres, queiram ou não causou estragos no projeto de Adriano Galdino, que respondeu a seu modo. A mídia pessoense (palaciana) não explorou o episódio. Efraim Morais, Ruy Carneiro, Romero Rodrigues… Toda a oposição se solidarizou com Adriano Galdino.

O cauteloso senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) comentando ontem (28/01/2025) sobre as perspectivas de 2026, citou como “meu amigo” Adriano Galdino, considerando-o nome perfeito para seu projeto de unir todas as oposições – direita e esquerdas – num único propósito: derrotar João e o governo.