Valberto José

Jornalista, habilitado pelo curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste (URNE), hoje UEPB. Colunista esportivo da Gazeta do Sertão e d’A Palavra, passou pelo Diário da Borborema e Jornal da Paraíba; foi comerciante do setor de carnes, fazendo uma pausa de 18 anos no jornalismo.

O meu Maior São João do Mundo 

Publicado em 20 de junho de 2022

Quase 40 anos depois da transformação das festas juninas de Campina Grande em produto turístico, com duração de 30 dias e a denominação de Maior São João do Mundo, vem à minha lembrança como tudo começou, imagens captadas pela retina de meus vinte e poucos anos. Na incipiência, a estrutura precária, rústica; as palhoças e barracas começando a invadir os coqueiros de Zé Rodrigues ao som do autêntico forró.

Curti pouco os primeiros anos da festa, com visitas esporádicas. Os meses juninos de 1986 e 1987, contudo, foram marcantes, este de despedida. Bastou oito meses de Diário da Borborema para entrosamento total com a turma, que fazia ponto na barraca da mãe de Mendonça, então um dos diagramadores do impresso.

Interessante como os gostos e sabores da gente mudam. Apreciador da boa cachaça e também, à época, da cerveja, a vodca foi a bebida preferida daquele São João de 1986. Como não danço, ficava mais tempo na mesa, no bate papo com os colegas e o bolso compassando as doses e o tira-gosto para não descontrolar as contas.

Como foi ano de Copa do Mundo, 86 também foi de trabalho no Parque do Povo, pois nos dias de jogos da Seleção Brasileira dimensionava a repercussão dos resultados junto aos forrozeiros e turistas. E não é que numa das barracas entrevistei uma dupla de franceses que fazia, acho, pós-graduação na Universidade Federal. Sem arranhar nada do idioma nativo, sorte que a dupla acentuava bem o Português.

Inesquecível mesmo foi o mês de junho no “PP” de 1987. Eita São João danado de bom! Há momentos que a gente vive e não sabe a causa, o motivo, o porquê. Mas as lembranças da intensidade vivida vão nos mostrando que tudo tinha um propósito, um significado que não enxergávamos ou imaginávamos e só com o tempo vamos compreender.

Nunca fui um namorador, um conquistador nato, mas passei um São João de sucesso junto à mulherada naquele ano. Não foi como no dizer de Ton Oliveira, que ainda não tinha estourado na música, “uma pra cada dia do mês”, mas consegui o recorde de uma por semana. Uma façanha para o meu jeito reservado, avesso às aventuras enganosas.

Parece incrível que, mesmo sem dançar, em 1987, perdi apenas quatro noites no Parque do Povo. Na véspera de São Pedro, “peguei o sol com a mão”, saindo direto para o trabalho, abrindo a loja familiar e depois – 10h – tomando o rumo do Diário da Borborema, sob os fogos da responsabilidade de fechar a página de esportes.

Com o tempo, cheguei à conclusão que essa efervescência junina foi minha despedida. No Maior São João do Mundo do ano seguinte já estava noivo – não, não com uma das quatro das aventuras daqueles festejos – e quatro meses depois me casei. O São João de 1987 foi, estou certo, minha despedida de solteiro.

REAÇÃO HEROICA 

Espetacular a reação do Campinense diante do Confiança, em Aracaju. Virar um jogo após estar perdendo por 2 a 0 foi uma façanha heroica. Parece que no intervalo, o técnico rubro-negro se inspirou no diálogo de Jesus com os discípulos, olhou para cada um dos dois jogadores com nome Pedro e disse: tu és Pedro e sobre esta pedra construirei nossa vitória. Arrasador, o time empatou com gol de cada deles. Dione marcou o terceiro, liquidando a fatura em 18 minutos.