Júnior Gurgel
Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.
O MERCADO DE TRABALHO DA TERCEIRA IDADE (Parte I)
Publicado em 23 de janeiro de 2024O principal tema discutido pela grande mídia internacional – na semana que passou – foi a queda no índice de natalidade da China, pelo terceiro ano consecutivo, e sua preocupação com o futuro próximo (2035) , ano em que 40% de sua população, hoje ativa, estará acima dos 60 anos. Serão mais de 560 milhões de aposentados, que correspondem a toda população da América Latina. Quem pagará suas aposentadorias?
O país mais fechado do mundo – com relação a imigração – terá que mudar suas leis trabalhistas e transformar sua cultura xenófoba, isolacionista. Nos anos 60 (século passado) as nações governadas pelas esquerdas comunistas defendiam o “controle de natalidade”. A China saiu na frente, e impôs a lei do filho único. Se o primeiro filho de um casal fosse do sexo masculino, estavam impedidos de conceberem um segundo rebento. Caso contrário, era permitido uma última tentativa.
No pós guerra (1945) a China tinha 400 milhões de habitantes. Em apenas quatro décadas (1980) ultrapassou a marca de 1,0 bilhão. Pobreza, desemprego, fome, assolavam o gigante asiático. Mas, um milagre aconteceu. O ex-presidente Richard Nixon, aconselhado por Henry Kissinger, matou dois coelhos com uma única cajadada.
Surpreendendo toda a mídia ocidental, que só tomou conhecimento 72 dias antes da misteriosa viagem de Nixon e Kissinger a Ásia, ambos desembarcaram em Pequim em 1972. Celebraram tratado para o fim da guerra do Vietnã – oferecendo como contrapartida projetos de cooperação econômica e intercâmbios nas áreas da ciência e novas tecnologias. Receberam ainda, apoio para fortalecer a distensão da corrida nuclear. Mao Tsé-tung, um líder agrário radical, foi convencido por seu mentor intelectual, Zhou Enlai (Chou Enlai). Coincidentemente faleceram no ano de 1976. Deng Xiaoping arregaçou as mangas, veio aos Estados Unidos e inaugurou a “Experiência Capitalista”. Em apenas quatro décadas, sem guerras nem conflitos, alcançaram a posição de segunda maior economia do mundo, posicionando-se como principal parceiro comercial de 180 países de todos os continentes.
A rápida expansão econômica dos chineses aumentou a população, alcançando 1,4 bilhões de habitantes no ano de 2010. O atual líder Xi Jinping revogou a lei do filho único, temendo que prosperidade econômica resultasse na queda da natalidade, o que de fato está ocorrendo. O conjunto de leis que norteiam o trabalho na China atualmente concede aposentadoria aos 50 anos. Flexibilizam o trabalhador, opção de permanecer ativo até os 55 anos. Doravante é proibido trabalhar. Na época era justificado como programa para extinguir o desemprego. A fila andava. Entretanto, esqueceram os avanços da medicina, que prolongaram a longevidade.
Este grande contingente de aposentados criou um novo e gigante mercado consumista, o turismo interno. Proibidos de trabalharem, os inativos gozando de plena saúde levam a vida viajando e conhecendo as belezas naturais de seu país continental. Gastam sua poupança, ao mesmo tempo em que incentivam o surgimento de pequenos negócios e grandes empreendimentos. A média de vida subiu. Outrora 50, hoje, 75 anos.
A inclusão no mercado de trabalho das mulheres – consomem mais que os homens – vem provocando uma mudança social sem precedentes. Se recusam a procriar. Preferem ganhar dinheiro e consumirem. Morreu o sonho de ser mãe, e o status de dona do lar. Economistas (Chineses) se dividem em duas correntes de opinião. Desenvolver mais automação e robotização, seria solução paliativa.
Outros, apontam como saída aumento na idade da aposentadoria, e trazer de volta as grandes plantas industriais, os aposentados que precocemente ingressaram na terceira idade.