Júnior Gurgel

Jornalista político, memorialista e Ghost writer. Ex- diretor de Jornais e Emissoras de Rádio na Paraíba, com atuações no Radiojornalismo.

O INSUPERÁVEL NEY SUASSUNA VISITOU CAMPINA GRANDE – Parte I

Publicado em 6 de novembro de 2023

A prova da inexistência de “insubstituíveis” são os cemitérios. Todavia, existem figuras insuperáveis na história, com passagens marcantes, quer seja no esporte, política, artes e cultura, literatura… Ney Suassuna é digno e merecedor de grandes homenagens, até o presente não prestadas por Campina Grande e por toda a Paraíba. Já passou da hora de reconhecer seu trabalho, quando esteve representando o Estado no Senado Federal, na liderança do PMDB e como Ministro da Integração Nacional.

Ney esteve no último final de semana em Campina Grande, participando da entrega de uma praça que homenageia seu pai, saudoso professor de História do Estadual da Prata, Raimundo Suassuna. O evento deveria ter sido amplamente divulgado. Pecou a assessoria de comunicação do prefeito Bruno Cunha Lima. Pelas fotos postadas na mídia, não visualizamos ninguém da classe política que ele tanto ajudou. Lá estava, dentre poucos, seu fiel amigo, companheiro, escudeiro e homem missão de confiança, empresário Cassiano Pereira, atual vice-presidente da FIEP – Federação das Indústrias do Estado da Paraíba.

Semana passada, no PODMARINHO (Podcast) semanal, realizado todas as segundas-feiras 16:00, entrevistamos ao lado do companheiro (Âncora) Marcos Marinho, o ex-deputado estadual Robson Dutra, que exibiu uma das maiores folhas de serviços prestados a Campina Grande, como um autêntico parlamentar da Rainha da Borborema. Na relação, constava a propositura da duplicação da BR-230 pelo governo do Estado, gestão José Maranhão. O projeto era complexo a partir de sua concepção, pelo conflito de jurisdição: a BR-230 pertence ao governo federal, sob controle e fiscalização (na época) do DNER. Como o Estado poderia investir numa rodovia federal?

O governador José Maranhão abraçou a causa, destinou recursos para elaboração do projeto, para muitos utópico. Robson Dutra agigantou-se na busca de apoio de toda classe política. Mas, faltava dinheiro para execução da obra. Quem conseguiu a montanha de dinheiro da duplicação? Senador Ney Suassuna.

A crise hídrica impedia mais uma vez o crescimento de Campina Grande. Boqueirão já não era suficiente para abastecer a cidade, sobretudo pelas incertezas climáticas, provocadas pelos fenômenos El niño e La niña. A cada década, dois ou três anos de bons invernos, e sete outros intercalados de secas, com pluviometria registrando 600 milímetros de chuvas irregulares, e mal distribuídas durante um ano. A solução apontada foi a construção da barragem de Acauã. Uma canetada de Ney Suassuna como Ministro da Integração Nacional resolveu o problema.

Enviou para o governo do Estado 60 milhões de reais para a construção da barragem, e mais 40 milhões para trazer a água até Campina Grande. A obra foi construída em um ano. Mas, bombas e tubulações para fazer o líquido precioso chegar à cidade foram comprados e sumiram, entre o final da gestão de José Maranhão e o início do governo Cássio Cunha Lima (01/01/2003). Por que este crime nunca foi investigado, apurado ou desvendado? Toda a mídia silenciou. O parlamento (estadual e federal) jamais manifestou o interesse em denunciar este escândalo (?). Indo mais além, como foi feita esta prestação de contas? e por que o TCU nunca realizou uma “tomada de contas especial” para descobrir o paradeiro de milhares de toneladas de equipamentos? Pelo visto, existe crime perfeito.

Acauã sangrou, contrariando as expectativas de todos que apostavam contra Ney e Campina. Hoje, a partir de seu manancial, Acauã abastece dezenas de municípios do Brejo paraibano, através de um Canal, matando a sede humana e animal, propiciando irrigação de minifúndios, produtores de hortifrutigranjeiros. Mas, Ney Suassuna foi esquecido… Próxima postagem, daremos sequência às ações de Ney como político e em favor da Paraíba, antes que esqueçam. No combate à “memória curta”, permanecemos como testemunha vigilante da história.